Cia. Fabril Lepper garante que a mancha no rio foi um fato isolado e que vai tomar precauções para evitar novos problemas
No último dia para apresentar sua defesa, a Cia. Fabril Lepper admitiu nesta terça (01/09) a responsabilidade pela mancha azul que apareceu no rio Cachoeira na manhã do dia 4 de agosto. No dia 13, a Fundema divulgou nota à imprensa informando que amostras colhidas indicavam poluição por substâncias prejudiciais à qualidade da água. “Não questionamos nem questionaremos o laudo da Fundema”, disse Zeno Fischer, diretor da empresa.
O resultado prático deve sair até semana que vem. É quando a Fundação Municipal do Meio Ambiente decide qual será a punição. Ao abrir as portas da fábrica e mostrar sua estação de tratamento, a empresa minimizou o problema. “Foi um fato isolado, em 102 anos de história. Tomamos todas as precauções para que isso não ocorra novamente”, contou Carlos Rudolfo Schulze, diretor-gerente industrial.
Segundo a empresa, o problema ocorreu, provavelmente, na caixa coletora da estação de tratamento de efluentes (ETE). É uma caixa de um metro de altura por um de largura e 1,5 metro de profundidade. O local, por onde a água passa quando já está tratada, tinha resíduos. A empresa acredita que o que estava ali, acumulado, pode ter se desprendido.
Mas esses resíduos manchariam o Cachoeira de azul? “Acreditamos que sim, até porque a mancha sumiu muito rápido. Verificamos toda a estação e não havia problema além do acúmulo na caixa coletora”, disse Giselle Bachstein, engenheira química e consultora contratada pela empresa assim que a mancha azul apareceu.
Com esse diagnóstico, a empresa decidiu revestir o local com cerâmica branca. A tampa também foi retirada de vez. “Isso permite a fácil visualização e evita o acúmulo de resíduos. Se houver alguma suspeita futura, basta vir aqui e olhar”, reforça Fischer. Nas duas primeiras semanas de agosto, a ETE também passou por varredura completa.
Ontem, a centenária têxtil distribuiu nota reforçando que desde 2006, quando iniciou as medições mensais, problemas como esse nunca tinham acontecido. A nota reforçou duas análises feitas dias 20 e 24 de agosto que apontaram resultados normais e semelhantes feitos por duas empresas. Uma é a empresa que presta serviços à fabril. Outra, a Hidroar, responsável pelo laudo do material recolhido no dia 4. Esses resultados não podem ser comparados ao laudo do material coletado no dia 4.
Fundema avalia multa ou ação comunitária
O presidente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), Marcos Schoene, ainda não avaliou a papelada entregue pela Lepper. Diz que, com a não-contestação da empresa, a punição é inevitável. “Em questão de uma semana vamos avaliar se cabe multa ou se vamos apontar uma ação comunitária, educativa”, disse Schoene.
Até agora, a Fundema não divulgou os níveis de poluição encontrados no líquido azulado, recolhido por volta das 8h30 daquela manhã. O laudo apontou que quatro de 11 itens avaliados estavam fora dos padrões. “Algumas vezes acima do permitido”, garantiu Schoene.
Para o presidente da Fundema, o fato de a empresa admitir o erro não muda em nada a aplicação da lei. “Se eles estão tratando adequadamente, não é favor a ninguém. Manter a ETE funcionando bem é obrigação da empresa.” Schoene disse que a fiscalização, o reconhecimento da empresa e a aplicação são marcantes para Joinville. “O acontecimento é uma glória, mostra que o poder público está fazendo seu trabalho, que a empresa é séria e assume suas responsabilidades. Fica de exemplo para outras situações”, frisou.
"Investigamos e tomamos providências técnicas", diz diretor da empresa
Em 102 anos, a Cia. Fabril Lepper nunca recebeu uma punição ambiental. Poderá receber em breve. Desde o ocorrido no dia 4 de agosto, a empresa tomou medidas. Admitiu o erro e prometeu o possível para não ter problemas novamente.
A Notícia – A empresa admite que houve poluição?
Zeno Fischer – Sim, mas nunca ocorreu antes, e tomamos providências para que isso não se repita.
Que providências?
Fischer – Contratamos uma consultoria que nos auxilie mais na qualificação do tratamento de efluentes. E algumas medidas operacionais. Limpeza e revestimento da caixa de passagem, que evitam possíveis aderências futuras.
A empresa tem certeza que o problema estava na caixa?
Fischer – Só pode ser ali. Certeza não temos. A análise da saída de água estava a contento. Então é nesse curto espaço a nossa única alternativa de origem do problema.
O que foi feito neste mês que passou?
Fischer – Investigamos, tomamos as providências técnicas e fizemos novas análises.
Por que os primeiros laudos internos da empresa tiveram resultados diferentes dos da Fundema?
Fischer – O ponto de coleta era diferente. A Fundema colheu no rio, na saída. E a empresa que faz os nossos testes captou na ETE.
Que lição a empresa tira?
Fischer – Sempre podemos melhorar. Qualificamos ainda mais o nosso tratamento de efluente.
(A Notícia, 02/09/2009)