Moradores do distrito de Rio Pardinho estão preocupados com o aparecimento de peixes mortos no rio. Nas últimas semanas foram encontrados dezenas de exemplares boiando nas águas. Alguns já estão em estado de decomposição. Dentre os tipos mais comuns que foram achados estão jundiás, lambaris e cascudos. A maioria deles é de pequeno porte. Entretanto, segundo o agricultor Ênio Spode, alguns eram maiores. “Estava trabalhando na lavoura e, quando vi, o cachorro chegou com um peixe grande na boca. Fui até o rio e encontrei os outros”, conta.
Ele acredita que algum agricultor da região tenha usado a água do Rio Pardinho para fazer a lavagem dos equipamentos usados na aplicação de defensivos. “Sempre foram repassadas orientações para tomarmos cuidado com isso, mas tudo indica que alguém não está preocupado com o ambiente”, disse.
Morador do distrito e defensor do Pardinho, Darcilo Gressler diz que essa foi a primeira vez que aconteceu um fato desse tipo. “Cresci ao lado do rio e nunca vi algo assim”, salientou. Pescador profissional, Irineu Becker concorda com o agricultor Ênio Spode. “Pelas características, tudo indica que pode se tratar de contaminação por agrotóxico.”
Risco
Com o nível considerado normal para esta época do ano, o manancial costuma ser usado sobretudo nos fins de semana como área de camping. E isso também está deixando a comunidade intrigada. “Imagina se alguém entra nessa água... Se ela realmente estiver contaminada, essa pessoa está correndo riscos”, alerta o agricultor Marcos Spode.
Até o fim da tarde de ontem o caso não havia sido comunicado às entidades ligadas à área ambiental. A intenção de Gressler é solicitar uma amostra da água a fim de saber se realmente houve algum tipo de contaminação.
O Rio Pardinho vem sendo monitorado com frequência por membros de um movimento criado com a proposta de garantir sua revitalização. Os trabalhos começaram com a conscientização dos agricultores ribeirinhos a respeito da necessidade de se preservar as margens e, assim, garantir a recuperação da mata ciliar. Ao mesmo tempo, foram prestados esclarecimentos a respeito dos cuidados para evitar a contaminação das águas com dejetos químicos.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 02/09/2009)