Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, estão desenvolvendo pesquisas para diminuir o descarte de resíduos do processamento agroindustrial na natureza e minimizar as perdas do setor. De acordo com o professor Severino Matias de Alencar, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), "muitos resíduos são ricos em compostos bioativos, amplamente reconhecidos pelas suas propriedades promotoras de saúde e aplicações tecnológicas, tais como antioxidantes e antimicrobianos, representando, portanto, potenciais fontes naturais destas substâncias".
Alencar coordena o projeto Prospecção e identificação de compostos bioativos de resíduos agroindustriais para aplicação em alimentos e bebidas, aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A iniciativa envolve outros docentes do LAN, um professor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de alunos de iniciação científica do curso de Ciências dos Alimentos da Esalq, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos.
"O estudo de resíduos agroindustriais, por exemplo, de uva, goiaba, tomate, maracujá, massa de levedura da fermentação alcoólica e folhas e talos de vários legumes e hortaliças, contribuirá para o desenvolvimento de tecnologias que proporcionem novos destinos a esses materiais, diminuindo assim o descarte ao meio ambiente", salienta Alencar.
Redução de preços
O professor destaca que as pesquisas desenvolvidas poderão contribuir com a redução de preços, uma vez que a identificação de propriedades antioxidantes de resíduos naturais e de baixo custo possibilitará a substituição dos similares sintéticos. "O ganho pode ser econômico e, ao mesmo tempo, oferecer melhor qualidade ao consumidor. O sobrenadante do isolado e concentrado protéico de soja é um bom exemplo, pois contém isoflavonas de alto valor agregado. O resultado são cápsulas de isoflavonas utilizadas como repositoras hormonais naturais", lembra o pesquisador.
Inicialmente, o alvo dos pesquisadores são as indústrias que processam tomates, goiabas, setor sucroalcooleiro, vinícolas e resíduos de folhas e talos de legumes e hortaliças, os quais podem ser campos férteis para a busca por compostos antioxidantes e antimicrobianos.
(Agência USP de Notícias / e-Campo, 30/08/2009)