Fibria, empresa surgida da incorporação da Aracruz pela Votorantim Celulose e Papel (VCP), foi apresentada oficialmente à imprensa nesta terça-feira (01/09), em São Paulo, em meio a um discurso de incertezas atreladas ao futuro do cenário econômico mundial. Entre as ações da nova marca, que dependem do desempenho econômico, estão a expansão da unidade de Guaíba e a construção de uma nova fábrica na região do município de Rio Grande. O anúncio da incorporação das ações da Aracruz pela Votorantim – controlada pela família Ermírio de Morais – foi anunciada em janeiro e finalizada no início de agosto.
A nova empresa do setor de papel e celulose reúne sete fábricas e emprega 15 mil profissionais, totalizando uma capacidade produtiva de 6 milhões de toneladas de papel e celulose por ano. O número poderá dobrar, segundo as projeções de crescimento potencial apresentada pelos executivos da Fibria. Segundo o presidente da empresa, Carlos Augusto Lira Aguiar – diretor-presidente da Aracruz desde 1998 –, a retomada do crescimento econômico no mercado externo, responsável pela maior parte das vendas do setor, pode aumentar em até 6,7 milhões de toneladas por ano a capacidade produtiva da empresa.
Entre os pontos que teriam chances de exploração estão as unidades Guaíba II e a nova fábrica Losango, que deverá ser instalada em Rio Grande ou Arroio Grande. Guaíba é o projeto mais adiantado e que deve receber os primeiros investimentos da Fibria quando o mercado der sinal verde para investimentos mais seguros. Já a unidade Losango precisa aumentar sua base florestal até atingir 130 mil hectares de área plantada, para dar prosseguimento ao projeto de implantação de outra fábrica gaúcha. O custo de instalação de cada fábrica é estimado em R$ 5 bilhões.
Aguiar preferiu não falar em prazos para a retomada de investimentos previstos, tanto para o RS quanto para outros estados. Todos estão na 'fila de espera', disse. A cautela é reflexo da redução de até 30% no volume de exportações para os principais importadores de papel e celulose brasileira, de outubro de 2008 a maio de 2009: Europa e EUA. Mesmo assim, Aguiar acredita no potencial de desenvolvimento e no custo de produção baixo no país, para alavancar a Fibria. 'Somos quase dez vezes mais competitivos que os países do Hemisfério Norte, nossos principais concorrentes.'
Os últimos balanços mostram que a produção de papel e celulose da companhia brasileira foi quase duas vezes superior à da segunda colocada no ranking das maiores empresas do setor, a chilena Arauco. 'Nossa esperança é que esse distanciamento seja crescente ao longo dos anos', disse Aguiar. Além de manter a posição no mercado, aumentar o grau de investimento e tirar da fila de espera os projetos de expansão, a direção da Fibria planeja, futuramente, ampliar o mercado de atuação. 'Não pretendemos ficar só na celulose. Queremos usar melhor o negócio florestal', explicou.
(Por Karine Ruy, Correio do Povo, 02/09/2009)