De 26 a 28 de agosto os bispos, coordenadores de pastoral e representantes dos organismos e pastorais do Pará e do Amapá estiveram reunidos em Belém para uma assembléia que discutiu o desafio da atividade pastoral na Amazônia e a vida dos povos daquela região. No documento final, eles denunciaram o desrespeito à natureza e afirmaram que a destruição em curso ameaça a sobrevivência humana, sobreposta pelo modelo de desenvolvimento adotado que privilegia os que detém o poder político e econômico.
“Todas essas mazelas vem junto com uma transformação imposta à nossa sociedade em nome de um desenvolvimento opressor, fazendo ecoar em nossas cidades e nos campos lamentos e clamores dos povos indígenas, das populações ribeirinhas, dos remanescentes dos quilombos e também dos migrantes e trabalhadores”, expõe o documento. Além disso, os bispos criticam a criminalização dos que lutam contra estes grandes projetos.
Mas a centralidade do documento está na oposição à destruição da floresta e à construção de barragens: “Sabemos que cada motosserra que derruba a nossa mata, cada barragem que represa os nossos rios, ceifa um pouco de vida e destrói esperanças e sonhos de nossa gente”, afirmam. Eles questionam em especial a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, “mais um grande empreendimento que não leva em conta os verdadeiros anseios da população e atiça apenas a ambição daqueles que apregoam um desenvolvimento que certamente será passageiro e destruidor”.
O documento finaliza afirmando que a Igreja não pode se calar diante da ameaça que paira sobre a vida e diante da imprudência e da imprevisibilidade que predominam nos grandes projetos: "Primeiro, Tocantins, Araguaia... Depois, Uatumã, Madeira, Xingu... Na sequência, Tapajós e Trombetas... A bacia amazônica, a maior reserva de água doce e de vida do planeta, penosamente dilacerada pelo represamento dos rios, pelo açodamento desenfreado da busca de riqueza e desenvolvimento a qualquer preço, sob os olhos e o patrocínio dos poderes públicos constituídos que governam, dando as costas aos legítimos anseios do povo e privilegiando uma minoria que sonha auferir polpudas riquezas com a realização de um projeto insano".
(MAB, 31/08/2009)