A implantação de uma nova siderúrgica da Vale em Anchieta pode ter impactos ainda mais graves em relação aos ocorridos na Serra com o complexo industrial da mineradora, por ser uma localidade menor. Os empregos temporários a serem criados na construção podem gerar desemprego após esse processo, já que há falta de mão de obra qualificada.
A partir da tentativa de implantação da chinesa Baosteel no balneário, começou uma migração de trabalhadores de outros estados que trabalhariam na construção do fracassado projeto dos chineses. Os trabalhadores continuaram no município, o que contribui para o aumento populacional de toda a região de Anchieta. A previsão do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama) é de que a população da região deve saltar de 22.226 para 100 mil em sete anos.
A população local também se queixa do aumento populacional, que traz também a favelização, falta de vagas em escolas, no atendimento dos postos de saúde, além de prostituição e tráfico de drogas, que se tornaram constantes na região. Os cursos profissionalizantes prometidos pelas companhias também não estão sendo realizados. A mão de obra da região, além dos migrantes, só é utilizada durante as obras, não sendo reaproveitada após a construção. Além disso, o prejuízo ambiental da nova usina da Vale na região pode ser muito mais impactante do que o que acontece na Grande Vitória.
Denúncias de ambientalistas falam de manobra na Câmara de Vereadores de Anchieta, que aprovou, em caráter de urgência e “praticamente sem ler o projeto”, o aumento da área industrial do município. Com isso, a área já representa 35% do município.
A manobra, dizem os ambientalistas, impede o crescimento urbanístico, aproxima a área industrial das comunidades e as fragiliza, comprometendo os recursos ambientais do município, além de ignorar os anseios da população local, que não foi ouvida sobre a alteração.
(Por Lívia Francez, Século Diário, 01/09/2009)