Novo pico da gripe A deve ter menos força por causa da chegada do verãoAo confirmar o declínio da epidemia de gripe A em todas as regiões do Rio Grande do Sul, o Estado se prepara agora para enfrentar a segunda onda da doença. Análises epidemiológicas indicam que o número de casos deve voltar a crescer num período de dois a quatro meses, exigindo o reforço da mobilização para combater o vírus.
A expectativa do secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, é de que o novo pico seja mais facilmente controlável, porque coincidirá com a chegada do verão e com o início da vacinação. Ao todo, 37 milhões de doses devem ser aplicadas no país a partir de 2010, em um investimento de R$ 1,3 bilhão feito pelo Ministério da Saúde. Como o Estado concentra o maior número de casos, a expectativa do secretário é de que haja prioridade na distribuição das doses, permitindo vacinar 40% dos gaúchos. Crianças e mulheres em idade fértil terão preferência.
– O pior já passou. Não existe nenhuma região do Estado em que a epidemia não esteja caindo, mas precisamos seguir mobilizados. Toda a população de maior risco será vacinada até o próximo inverno – afirma Terra.
Segundo o professor de epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas Cesar Victora, eleito presidente da Associação Internacional de Epidemiologia, a observação da epidemia de gripe A nos Estados Unidos e na Europa sugere que o vírus vem perdendo força.
– Como toda doença, ela assusta um pouco, mas essa gripe não é a que esperávamos. Se olharmos numa perspectiva mais ampla, veremos que a gravidade parece até exagerada. Temos de estar preparados, mas temos condições de enfrentar essa epidemia – analisa.
O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mauro Czepielewski, explica que não há uma justificativa científica definitiva para o retorno das epidemias, restando à população manter os cuidados de prevenção para combatê-la. Uma boa notícia é que, até o momento, não há sinais de mutação do vírus.
– Nesse momento de descendência, precisamos aprender e manter a rotina de prevenção. O vírus veio para ficar, ele está entre nós – afirma.
Até ontem, 99 mortes haviam sido confirmadas no Estado. Outros 167 óbitos suspeitos aguardam a confirmação do exame. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o Estado deve liderar o índice de mortalidade do país, com um total de 250 a 300 mortes.
(ZH, 01/09/2009)