Dois terços do financiamento da fábrica de biodiesel da Camera em Ijuí serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (Bndes) através da CaixaRS. O anúncio foi feito ontem, em evento na sede do banco na Expointer. A implantação e operação da fábrica terão custo de R$ 30 milhões e serão feitas em tempo recorde: a empresa quer inaugurar a planta já em abril do ano que vem.
A CaixaRS entrará com R$ 20 milhões, e o governo do Estado, com incentivos através do Fundopem. Serão feitos dois empréstimos, segundo o presidente do banco de fomento gaúcho, Carlos Rodolfo Hartmann: um para máquinas e equipamentos e outro para a infraestrutura. No primeiro caso, os juros são de 4,5% ao ano, com prazo de dez anos, sem carência. No segundo, a taxa passa para 6,75% ao ano, com 24 meses de carência e seis anos para pagar.
Tradicional fabricante de óleos produzidos com grãos e cereais, a Camera vai produzir biodiesel a partir de soja, canola e girassol, além de sebo de origem animal. O projeto foi detalhado pelo diretor administrativo e financeiro da empresa, Fábio Magdaleno. A capacidade de produção será de R$ 110 milhões de litros do combustível ao ano, o equivalente a 5% do mercado total de biodiesel no País, segundo o executivo. A expectativa é de um faturamento anual de R$ 220 milhões. “Estamos muito otimistas, já que recebemos a confirmação de que a adição de biodiesel passa de 4% para 5% já no ano que vem. Isso é um mercado de 2,2 bilhões de litros”, comemora. A Camera também espera para 2010 ou 2011 a exigência da adição de 20% de biodiesel na frota de transportes urbanos de grandes cidades, que deve ampliar o mercado de biocombustível no País.
Conforme o diretor industrial e de planejamento da Camera, Roberto Kist, a nova indústria agregará à produção agrícola primária da região mais de R$ 40 milhões, o que irá fortalecer também a agricultura familiar. Dos 10 mil produtores que abastecem a Camera, 5 mil são de pequeno porte, o que deve incluir a planta no programa do governo federal Selo Combustível Social. Entre os benefícios do selo, estão o acesso a alíquotas de PIS/Pasep e Cofins com coeficientes de redução diferenciados e a melhores condições de financiamento. O volume de transformação de óleos vegetais em combustíveis a ser processada, segundo Kist, é equivalente à industrialização de 35 mil sacas de soja por dia.
A governadora Yeda Crusius, que participou da cerimônia, comentou que o Rio Grande do Sul está fomentando investimentos no setor. “Empreendimentos de biodiesel têm descontos em impostos”, lembrou. A fábrica da Camera deve recolher R$ 9 milhões em tributos estaduais ao ano.
(Por Clarissa Barreto, JC-RS, 01/09/2009)