(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
reservas brasileiras de petróleo legislação do petróleo emissões de co2
2009-09-01

Ativistas do Greenpeace chamaram a atenção nesta segunda-feira (31/08), durante a cerimônia de apresentação do novo marco regulatório do pré-sal, em Brasília, que o Brasil precisa levar em consideração as emissões de carbono e a poluição que serão geradas pela exploração de suas novas reservas petrolíferas. Assim que o presidente iniciou seu discurso de celebração do pré-sal, que o governo trata como a redenção econômica e social do país, três ativistas subiram ao palco e abriram uma faixa de três metros com a frase: “Pré-sal e poluição: não dá para falar de um sem falar no outro”.

A segurança do presidente pediu que a faixa fosse fechada. Os ativistas obedeceram, dobraram a faixa e a entregaram ao presidente. Depois, três deles ficaram perto do palco segurando banners menores com os mesmos dizeres. Lula se fez de surdo para a manifestação, seguiu o script previamente acordado com seus marqueteiros e não tocou na questão ambiental.

Desde que o país foi informado sobre a quantidade de petróleo estocada na camada do pré-sal, discutiu-se muita coisa. Debateu-se técnicas para retirar tanta riqueza de área tão profunda, formas de financiar a sua exploração e até a criação de outra estatal petrolífera. Os governadores correram atrás de royalties que ainda nem existem para seus estados. O governo federal prometeu que com o dinheiro desse petróleo acabará de vez com a pobreza.

Mas a única vez, em meio à cacofonia do pré-sal, que se debateu seus aspectos ambientais foi por iniciativa da imprensa, que procurou a Petrobras para saber o que a empresa pretendia fazer acerca das emissões de carbono geradas pela exploração dos novos poços. Ela respondeu que pretendia usar a tecnologia de Captura e Armazenamento em Carbono, conhecida a partir de sua sigla em inglês, CCS, para impedir a emissão das milhões de toneladas contidas nos poços do pré-sal.

“A questão é que essa tecnologia é experimental e não estaria tecnicamente viável antes de 2030”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energia do Greenpeace. Além desses obstáculos, a CCS também terá de ultrapassar barreiras financeiras. “O custo total do uso da CCS para capturar o que se estima seja algo entre 12 e 18 bilhões de toneladas de carbono contidas no pré-sal pode chegar ao longo de todo o ciclo de exploração a centenas de bilhões de reais”, continua Baitelo.

Cálculos do Greenpeace indicam que se a CCS não cumprir tudo o que a tecnologia promete, e o Brasil estiver usando todas as reservas estimadas do pré-sal, estaremos emitindo ao longo dos próximos 40 anos em torno de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 por ano só com refino, abastecimento e queima de petróleo.

“Ainda que o desmatamento da Amazônia seja zerado nos próximos anos, tudo indica que as emissões decorrentes do pré-sal podem anular o seu impacto positivo e manter o Brasil entre os três maiores emissores de CO2 do mundo”, alerta Baitelo. Num mundo que enfrenta uma crise climática sem precedentes e onde já se criou um consenso entre os países de que é fundamental evitar que o aquecimento médio da Terra ultrapasse os 2º graus Celsius, seria normal imaginar que o governo brasileiro estivesse trabalhando duro na busca de soluções para reduzir ao máximo os impactos ambientais do pré-sal.

Uma alternativa, talvez a mais relevante, está justamente onde ele será explorado: no mar. “Os oceanos são um importante regulador climático”, explica Leandra Gonçalves, coordenadora da Campanha de Oceanos do Greenpeace. “Eles funcionam como o maior sumidouro de carbono do planeta, com capacidade para absorver até 50% das emissões geradas pela atividade humana.” Uma maneira de garantir a perpetuação desta função está na criação de áreas marinhas protegidas, que ainda trariam o benefício adicional de proteger nossos estoques pesqueiros e a biodiversidade do litoral brasileiro. Mas área marinha protegida é o tipo do assunto que não entra na agenda do governo. Muito menos na agenda do pré-sal. O presidente Lula sequer pensou em destinar recursos da sua exploração para a criação e manutenção de reservas marinhas. E isso, no futuro, pode ter consequências graves. Se a concentração de emissões não for reduzida ao longo dos próximos anos, os oceanos podem passar de mocinhos a bandidos na luta contra o aquecimento global.

“O aumento das emissões tem efeito nocivo nos mares, porque elas contribuem para o aumento médio da temperatura da água. Mares mais quentes têm menos capacidade de absorção de CO2”, continua Gonçalves. Além disso, concentrações excessivas de CO2 provocam acidificação nos oceanos, comprometendo a saúde dos corais, berços importantes da biodiversidade marinha. “No Brasil, já foram detectados indícios claro de decadência de estruturas de corais na costa de São Paulo e em Abrolhos, no litoral baiano.”

O pré-sal é nosso. Mas sua poluição também. Está mais do que na hora de o Brasil discutir como se livrar dela.

(Greenpeace, 31/08/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -