Ao lado do vaivém de carros na BR-470, a mata fechada esconde um crime ambiental. O desmatamento flagrado pelo Santa quarta-feira de manhã (26/08), no Km 84 da rodovia, sinalizam os desafios para a fiscalização. De janeiro a julho, a Polícia Militar Ambiental de Blumenau, responsável por 18 municípios, registrou 217 crimes contra a flora. A maior parte das ocorrências está relacionada à derrubada de espécies nativas, seguida de furto de palmito e queimadas.

Através de imagens, a doutora em Ecologia pela USP e professora do Departamento de Ciências Naturais da Furb, Lúcia Sevegnani, identificou os troncos derrubados em Rodeio com tanheiros, árvores nativas da Mata Atlântica. As estatísticas certamente seriam maiores, se houvesse mais agentes para fiscalizar a região.

– A média é uma ocorrência por dia. Numa região com grande cobertura vegetal como a nossa, a pressão imobiliária, o avanço da indústria e o crescimento populacional pressionam os remanescentes de Mata Atlântica – reconhece o 1º sargento Rubens Emílio Stenger.

Dos 11 funcionários da PM Ambiental na região, quatro atuam na fiscalização de 5,3 mil quilômetros quadrados. O trabalho de frear o corte ilegal de árvores é feito em conjunto com a Fundação do Meio Ambiente (Fatma), Ibama e órgãos municipais. O gerente regional da Fatma em Blumenau, Júlio César Coelho, atribui a retirada de árvores nativas à falta de orientação, mas garante que a fiscalização é cada vez mais rigorosa.

Cresce também número de licenças questionáveis
A Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena) argumenta que não só o desmatamento tem aumentado, mas também as licenças questionáveis para derrubada de árvores.

– Há dificuldade de efetuar a fiscalização. Por falta de efetivo e de trabalhos de investigação, há muitas falhas na proteção ambiental na região – avalia o presidente da Acaprena, Leocarlos Sieves.

(Por Magali Moser, Jornal de Santa Catarina, 31/08/2009)