As tensões entre ser pragmáticos ou puristas e entre propor uma agenda ecológica restrita ou um programa em que a preservação do ambiente é parte de transformações mais amplas não são exclusivas dos verdes brasileiros. Elas são comuns a todas as agremiações do tipo que surgiram depois do pioneiro Partido Verde alemão -principal exemplo dessas contradições.
As correntes que formaram o partido na então Alemanha Ocidental, em 1979, incluíam ambientalistas, pacifistas e egressos do movimento estudantil de 1968. Em 1983, a agremiação chegou ao Parlamento federal com plataforma que se opunha à energia nuclear e defendia até o fim da Otan, a aliança militar ocidental, além da retirada dos mísseis nucleares americanos do país.
Seus militantes se dividiram sobre alianças com o Partido Social-Democrata, que, depois de purgar passado radical, passara a se revezar no poder com a União Democrata Cristã. A queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã fortaleceram os pragmáticos. Há 11 anos, os verdes subiram ao governo em união com os social-democratas.
Depois do alemão, partidos verdes surgiram em toda a Europa. O francês integrou o gabinete do socialista Lionel Jospin (1997-2002). Mas, à medida que sua bandeira passou a constar da retórica de quase todas as forças políticas, eles tiveram dificuldade de ampliar o eleitorado. No Parlamento Europeu, formam bloco com grupos defensores de minorias que tem 55 das 736 cadeiras.
(Por Claudia Antunes, Folha de S. Paulo, 31/08/2009)