Acostumados a ver toneladas de peixes mortos flutuando na lagoa Rodrigo de Freitas, um dos pontos turísticos mais visitados do Rio de Janeiro, os cariocas se surpreenderam com as condições da água em 2009. O biólogo Mario Moscatelli, que desde 1989 realiza um trabalho independente de recuperação da vegetação original da lagoa, explica que o mais forte indício da recuperação é o retorno da fauna. "Estamos vendo espécies de aves, crustáceos e peixes que não frequentavam a lagoa há 10 ou 20 anos", relata.
Segundo dados do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), dos 16 mil coliformes fecais por 100 mililitros de água medidos em 2006, a lagoa hoje registra apenas 1.300 --300 a mais que o nível mínimo para que a água seja considerada boa para o banho. Os registros de mortandades de peixes na lagoa datam de 1854, mas a situação atingiu um ponto crítico entre o fim dos anos 90 e o início desta década. Só em fevereiro de 2000, 140 toneladas de peixes morreram devido à falta de oxigênio na água.
Segundo Moscatelli, a crise das mortandades fez com que a população e o Ministério Público pressionassem as autoridades, que se viram obrigadas a agir após décadas de descaso. "É muito simples: basta parar de jogar lixo e esgoto na lagoa para ela ficar boa", indica o biólogo.
Assim, em 2001, a Cedae (empresa estadual responsável pelo fornecimento de água e tratamento de esgoto) começou finalmente a empreender obras para renovar o sistema de drenagem da lagoa, além de apertar a fiscalização sobre os despejos clandestinos.
(France Presse / Folha Online, 29/08/2009)