Um pacto de silêncio entre as forças policiais ordenado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) mantém em segredo o nome do policial que matou o sem-terra Elton Brum da Silva, 44 anos, durante a desocupação da Fazenda Southall, semana passada, em São Gabriel. Em depoimento na quarta-feira (26/08) o policial, um soldado, admitiu a autoria do disparo após assistir a imagens do confronto com os manifestantes, gravadas pela BM, e foi afastado de suas funções. Mas a identidade dele e o teor de suas declarações só deverão ser conhecidos ao final da investigação, prevista para se estender por mais 15 dias.
A justificativa para o sigilo é de que a divulgação prejudicaria os inquéritos conduzidos em paralelo pela BM e pela Polícia Civil. Ontem (28), o secretário Edson Goularte reuniu a cúpula dos órgãos de segurança para informar apenas que o autor foi identificado.
– É preciso reconstituir tudo que aconteceu antes de definir claramente as responsabilidades – salientou.
O comandante-geral da BM, coronel João Carlos Trindade, afirmou que ocorreu uma falha individual do soldado, ao carregar a espingarda calibre 12 com um cartucho de chumbo com munição letal, quando deveria ser de borracha.
O sigilo tem o aval do Ministério Público. O subprocurador para Assuntos Institucionais, Luiz Carlos Ziomkowski, disse que o sigilo deve ser mantido, porque “a confissão por si só não basta”, necessitando resultados das perícias. Para a promotora Ivana Machado Battaglin, que acompanha os depoimentos, não é adequado o MP divulgar o nome do atirador:
– É a BM que deve revelar o nome do seu integrante.
(Zero Hora, 29/08/2009)