Maior oferta de projetos de geração de energia e queda da demanda transformam mercado de energia
Depois de ficar nas mãos das termelétricas a gás natural, o governo disse nesta quinta (27/08) que o país finalmente poderá escolher fontes mais baratas e ambientalmente menos nocivas para suprir a demanda dos consumidores brasileiros. A notícia terá efeitos positivos na conta de luz. Isso porque o custo de geração térmica a gás é maior do que o valor pago por energia hidrelétrica. Em 2008, a conta das termelétricas colocadas para funcionar para atender a demanda nova foi de R$ 2,4 bilhões, custo que entrou no cálculo das tarifas pagas pelos consumidores brasileiros.
A crise econômica e o inverno brasileiro mais chuvoso em décadas criaram as condições para a redução dos custos de geração em 2009, o que se refletirá nos reajustes de 2010. Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), não há no país neste momento nenhuma térmica ligada fornecendo energia para o sistema elétrico. Os reservatórios estão cheios e o país está prestes a ingressar no período de chuvas. Entusiasmado, o governo afirma que o "jogo virou".
"Antes a situação era pró-gerador, agora é pró-consumidor. Ou as térmicas a gás se enquadram às necessidades do setor elétrico ou infelizmente não vamos mais usá-las tanto", disse Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética). A afirmação foi feita ontem após oitavo leilão de energia nova feito para a contratação de fornecimento a partir de 2012.
Segundo Nelson Hubner, presidente da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), essa é a primeira vez desde que o novo modelo de contratação foi finalizado em 2004 em que a situação é de absoluto conforto para suprir a demanda. "A crise financeira foi ruim para o país, mas para a gente acabou dando um refresco", disse Hubner.
Leilão
No leilão de ontem houve a contratação de 11 MW médios com duas usinas. Os contratos assinados praticamente cobrem toda a demanda de energia para 2012. Segundo a EPE, as compras feitas pelas distribuidoras no leilão de ontem e a oferta de mais entre 60 MW e 70 MW médios restantes dos projetos do rio Madeira (Jirau e Santo Antônio) cobrem 99,9% da demanda de 2012.
O governo deve realizar até o fim deste ano outro leilão de energia nova cujo objetivo é a contratação de energia que começará a ser fornecida em 2014. Nem a EPE tampouco a Aneel sabem dizer qual será o volume de energia que será demandado pelas distribuidoras. A única certeza, afimam, é que não haverá mais "desespero" para acionar de última hora qualquer fonte de energia disponível no país.
(Por Agnaldo Brito, Folha de S. Paulo, 28/08/2009)