Nesta semana, nos dias 22 e 25, cerca de 300 agricultores, professores, comerciantes e arrendatários de mais de dez comunidades dos municípios catarinenses de Cerro Negro e Campo Belo do Sul, se reuniram para discutir sobre a construção da Barragem de Garibaldi e decidiram se organizar no Movimento dos Atingidos por Barragens.
Em assembléia, eles decidiram que não querem a barragem e farão ações contra sua construção. Para isso, foi constituída uma coordenação com representantes das comunidades para elaboraram o documento abaixo, a ser apresentado no dia 1° de setembro, na Audiência Pública que acontecerá em Abdom Batista/SC.
As comunidades estão se preparando para participar da atividade. “Não queremos essa barragem, e por isso no dia da audiência temos que ir lá e dizer que não queremos, e se preciso gritar, vamos gritar: não queremos a barragem de Garibaldi”, disse um ameaçado pela usina.
Se construída, a barragem, projetada para o rio Canoas, atingirá os municípios de Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Abdon Batista, Vargem e São José do Cerrito, expulsando centenas de famílias.
Na reunião da coordenação da região, no dia 26, também estiveram presentes vereadores e o prefeito de Cerro Negro, Janerson Furtado, o qual reafirmou a importância dos atingidos estarem organizados no MAB. Ele lembrou que as conquistas dos direitos dos atingidos pela barragem de Barra Grande foi mérito da organização no Movimento.
Leia parte do documento elaborado pelos moradores:
"Nós, agricultores, meeiros, arrendatários, jovens, mulheres, vereadores, prefeitos ameaçados pela Barragem de Garibaldi gostaríamos de afirmar a nossa posição: SOMOS CONTRA A CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DE GARIBALDI, por entender que as barragens não são feitas para atender as necessidades do povo e muito menos para desenvolver a nossa região. Que a exemplo das barragens já construídas na nossa região, muita gente foi expulsa, piorou a vida das pessoas, desestruturou comunidades, entre muitos problemas.
Que como esta obra vai 'definir' e mexer com a vida de muitas famílias, achamos que é necessário ser feito um amplo debate com a população local, sendo necessário para isto a realização de audiências publicas em todos os municípios e comunidades. Como os mais atingidos pela obra, nos exigimos que a decisão de construir ou não construir a obra, considere prioritariamente a posição da população atingida, organizada no Movimento dos Atingidos por Barragens. Por isso estamos construindo uma proposta de desenvolvimento pra nossa região que será apresentada no próximo período."
(MAB, 27/08/2009)