A visita do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, à Argentina, para participar da cúpula extraordinária da União das Nações Sulamericanas (UNASUL), será aproveitada, também, para entabular diálogos em relação à usina binacional de Yacyretá, gerenciada por paraguaios e argentinos.
Em entrevista ao jornal La Nación, Rafael Romá, embaixador argentino no Paraguai, assegurou que o governo de Cristina Kirchner está disposto a renegociar a dívida de Yacyretá, cujos títulos pertencem, majoritariamente, ao Tesouro argentino e ao Banco Nación. “Nós propomos um marco de negociações de par a par, de igual a igual. Sempre tivemos a pré-disposição de analisar como pares a situação, já que a dívida aumenta ano a ano e queremos encontrar uma fórmula viável”, defendeu o diplomata.
“Mas deve-se deixar bem claro que a dívida não é do Paraguai, mas da Entidade Binacional Yacyretá com a Argentina. Quem precisa encontrar uma equação econômica que resolva sua situação é Yacyretá. O estado paraguaio não tem dívida com a Argentina pela binacional”, esclareceu.
Atualmente, a dívida de Yacyretá está na casa dos US$ 15,8 bilhões, patamar considerado insustentável pelos próprios argentinos, que temem pelo colapso econômico da entidade e pelo excessivo encarecimento da tarifa da energia produzida pela binacional.
Ainda em 2006, os presidentes Nicanor Duarte Frutos e Néstor Kirchner sentaram-se à mesa para debater um acordo que permitisse a eliminação de dois terços deste valor, acumulado, fundamentalmente, durante o período em que a construção da usina esteve paralisado na década de 1990. Na ocasião, porém, o pré-acordo foi alvo de duras críticas por parte da imprensa local e abandonado por ambos governantes. A prioridade, agora, é reduzir o passivo da entidade e possibilitar a rápida conclusão das obras ainda em andamento.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski, SopaBrasiguaia.com, 27/08/2009)