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celulose e papel aracruz/vcp/fibria
2009-08-28

Fibria é o nome escolhido pelo grupo Votorantim para a maior fabricante de celulose de mercado do mundo. Nascida da união das operações entre Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Aracruz Celulose, a empresa terá o desafio de combinar seus projetos de expansão de produção ao mesmo tempo em que buscará reduzir seu endividamento.

"Temos quatro sites em gestação para o nosso futuro crescimento", disse o diretor-geral da Votorantim Industrial, Raul Calfat. "Isso não significa que vamos ativá-los de imediato." Segundo Calfat, a gestão financeira da Fibria será conservadora. O objetivo é reduzir a dívida, hoje por volta de R$ 12 bilhões, a maior parte acumulada pela Aracruz na exposição às operações com derivativos em 2008, e renegociada pelos bancos credores por um prazo de nove anos.

Concluída na quarta (26/08) a etapa de reorganização societária, depois da aprovação das assembleias das duas empresas, a fabricante de celulose começa vida nova. O grupo, controlado pela família Ermírio de Moraes, indicou Carlos Augusto Lira Aguiar, para assumir a presidência executiva da Fibria. Ele dirige a Aracruz desde 1998.

A assembleia dos acionistas deve ratificar em breve o nome de José Luciano Penido, presidente da VCP desde 2004, na função de presidente do conselho administração. Penido também ficará responsável pelas questões ligadas à sustentabilidade das atividades da empresa. A Fibria vai unificar os comitês financeiros, de recursos humanos, de auditoria e sustentabilidade. Desde março, a empresa, com o suporte de consultorias, mapeou quadro funcional. "Não perdemos nenhum talento entre as lideranças que queríamos manter", disse.

O grupo Votorantim, que ficará com cerca de 36% do capital total da empresa depois da emissão de ações para incorporação da Aracruz, indicará quatro dos sete conselheiros da empresa. O BNDESPar, que compartilhará o controle até 2014, nomeará outros dois representantes no conselho. O board terá um integrante independente. Até o fim do ano, a empresa ingressará no Novo Mercado da Bovespa, garantiu.

A intenção do grupo Votorantim é fazer com que a Fibria capture sinergias nas operações combinadas dos negócios superior ao valor presente líquido de R$ 4,5 bilhões anunciados à época da primeira oferta de aquisição das ações dos antigos controladores, em agosto de 2008. Calfat não revela a nova cifra, mas confirma que o valor pode ser expressivo, "acima de 10%", admitiu. "O resultado da sinergia traz mais conforto em termos de geração de caixa", disse.

Nos últimos 12 meses encerrados em junho, o fluxo de caixa combinado da Fibria somou R$ 2 bilhões - uma relação de seis vezes seu endividamento. Segundo Calfat, a fabricante passará a contar cada vez com recursos adicionais. A fábrica de Três Lagoas (MS) começou a operar no fim de março. "A unidade bateu um recorde mundial. Em apenas três meses, atingiu a capacidade nominal de 1,3 milhão de toneladas, o que acontece historicamente depois dos oito meses."

O executivo da Votorantim lembrou ainda dos efeitos da recuperação recente das cotações de celulose no cenário internacional. "Nos últimos meses, os preços subiram US$ 100 por tonelada na Europa", disse. Mas esclareceu que é prematuro ainda fazer um prognóstico sobre o equilíbrio entre oferta e demanda de celulose. "O elemento novo é a desvalorização do dólar nos mercados internacionais", disse.

O câmbio tem ajudado, no entanto, a empresa a reduzir seu endividamento em dólar. Mais de 70% das dívidas estão atreladas à moeda americana, o que poderá ajudar a companhia a reduzir suas obrigações financeiras. "Temos um compromisso de reduzir essa parcela", declarou.

Embora não tenha dado prazo de quando os novos projetos de expansão sairão do papel, Calfat salientou que a companhia avaliará o momento mais adequado para aprovar os futuros investimentos. "Temos um site com floresta pronta, outro com floresta avançada, um terceiro com plantios já iniciados e um quarto podendo se duplicado", disse o executivo, referindo-se, respectivamente, as unidades de Guaíba, Losango (ambos no RS), Veracel (em sociedade com a empresa sueco-finlandesa Stora Enso) e Três Lagoas.

(Por Ivo Ribeiro e André Vieira, Valor Econômico, 28/08/2009)


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