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parques eólicos potencial eólico política ambiental alemanha
2009-08-28

Doze turbinas eólicas gigantes se erguem a mais de cem metros sobre o nível do mar, cerca de 50 quilômetros ao norte da ilha alemã de Borkum, perto da fronteira com a Holanda. Como a velocidade média dos ventos é de 12 metros por segundo, cada turbina gera cinco megawatts de eletricidade por ano. Juntas, essas turbinas, sobre o mar do Norte, podem atender a demanda de 50 mil pessoas na pequena cidade alemã de Emden. Cerca de 200 quilômetros a noroeste de Borkum, diante da cidade turística dinamarquesa de Blavand, 91 turbinas podem gerar 225 megawatts.

Essas usinas, que deveriam estar terminadas até o final deste ano, se encontram entre 17 projetos de parques eólicos marinhos autorizados pelo governo alemão. E pode-se apostar que a energia eólica marinha é o próximo grande passo que a Alemanha tem em vista para aumentar suas fontes renováveis. A capacidade eólica alemão aumentou quatro vezes desde 2000, chegando a gerar mais de 24 mil megawatts. Assim, este país se converteu no maior usuário europeu de energia gerada a partir do vento.

“Mediante a implementação destes dois projetos eólicos marinhos, no final do ano estará disponível uma usina adicional de 300 megawatts”, disse à IPS Ulf Gerder, da Associação Alemã de Energia Eólica (BWE). O uso de energia eólica aumenta rapidamente, segundo a Associação Européia de Energia Eólica (EWEA). Em 1997, a Comissão Européia (Braço executivo da União Européia) se propôs como objetivo “gerar 40 mil megawatts de energia eólica até 2010 na UE. Esse objetivo foi alcançado em 2005, cinco anos antes do previsto”, disse a EWEA em um estudo.

O presidente da BWE, Hermann Albers, disse à IPS que “o interesse na energia eólica está crescendo mundialmente e, portanto, também a demanda pro sistemas, componentes e serviços para as usinas eólicas”. E acrescentou que “a liderança internacional da indústria alemã da energia eólica obtém benefícios com exportações de aproximadamente 80%. A indústria gera crescimento econômico e emprego na Alemanha, garantindo cerca de cem mil postos de trabalho diretos e indiretos”, ressaltou.

Em 2008, os ganhos derivados dos parques eólicos e seus componentes construídos na Alemanha aumentaram quase 12% em relação a 207, passando de US$ 10,9 bilhões para US$ 12,17 bilhões. As exportações foram responsáveis por 82% desse valor. Na Europa, a Alemanha é a líder no uso de energia gerada a partir do vento, seguida pela Espanha. Mas, é o quinto em termos de relativo. Neste sentido, o país no topo da lista é a Dinamarca, onde mais de 22% da energia total são gerados em turbinas eólicas.

A Dinamarca começou a aproveitar o vento no começo dos anos 80, em razão do medo mundial causado pela crise do petróleo da década passada. O governo também gravou o consumo elétrico e concedeu subsídios para melhorar a eficiência energética, por exemplo, através de melhor isolamento térmico dos edifícios. Com propôs o ex-primeiro-ministro dinamarquês Anderes Fogh Rasmussen (2001-2009), seu país mostrou que “se pode reduzir o uso de energia e as emissões de carbono e também conseguir crescimento econômico”.

O fato de a Dinamarca se fixar nas fontes renováveis “começou sem nenhuma relação com o clima ou o meio ambiente”, mas com o objetivo principal de garantir a independência energética, explicou à IPS Svend Auken, ex-líder do Partido Social-Democrata e criador das políticas ambientais dos anos 90. Suas políticas ajudaram a alimentar o crescimento econômico da Dinamarca, bem como a fortalecer sua independência energética, e ao mesmo tempo reduzir em 13,3% suas emissões de gás estufa, em comparação com os valores de 1990. “Atualmente, há consenso nacional quanto à necessidade de a Dinamarca continuar expandindo a energia renovável”, acrescentou Auken.

A EWEA estima que esse país tem a maior capacidade mundial em matéria de energia eólica marinha, com 409 megawatts. “A Grã-Bretanha (com 404 megawatts) está em segundo lugar e muito próxima, após ter instalado cem megawatts em 2007”, e Holanda e Irlanda também possuem parques eólicos marinhos. Até 2020, a Alemanha pretende gerar 45 mil megawatts a partir de turbinas eólicas instaladas em terra, com um complemento de 10 mil megawatts obtidos nos parques marinhos. A energia eólica pode atender 25% do consumo elétrico alemão.

“Será importante que as condições marco sejam estabelecidas do modo correto”, disse Albers, se referindo particularmente aos preços da energia eólica fixados pelo governo para compensar um aumento substancial dos custos de produção. As melhorias no setor eólico marinho já são visíveis e suas tarifas “serão fixadas em 14 centavos por quilowatt/hora nos 12 primeiros anos de operação”, acrescentou. Mas, é muito mais difícil chegar a essas definições em relação às turbinas de terra, explicou. “Os preços das turbinas eólicas aumentaram – e não apenas na Alemanha – entre 20% e 30% em relação à capacidade. Isto se deve principalmente ao preço maior das matérias-primas”, ressaltou Albers.

(Por Julio Godoy, IPS / CarbonoBrasil, 27/08/2009)


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