O Conselho Diretivo da Faculdade de Humanidades da Universidade Nacional de Salta, província no noroeste da Argentina, aprovou quarta (26/08), por resolução, repúdio ao recebimento de recursos provenientes da mineradora Alumbrera pela instituição de ensino.
O grupo propôs ao Conselho superior da universidade "que adote a mesma posição" de rechaço ao fundo da mineradora, aprovado pelo Conselho Interuniversitário Nacional (CIN). O repúdio ao Fundo já havia sido proferido pelo conselho da Faculdade de Psicologia da Universidade Nacional de Córdoba, em junho deste ano. Segundo o Conselho Diretivo, as três empresas que administram a mineradora que explora a céu aberto - Xstrata Copper, Goldcorp Inc e Yamana Gold - violam os direitos humanos e degradam o meio ambiente.
A faculdade denuncia os danos sociais, ambientais, econômicos e políticos causados pela Jazidas Mineiras Águas de Dionísio (YMAD), sociedade composta por representantes do governo provincial de Catamarca, a Universidade Nacional de Tucumán e o governo nacional. A YMAD transferiu 50 milhões de pesos de seus lucros para cerca de 40 universidades nacionais em 2008. Em 2009, esse valor já alcança 36,8 milhões de pesos. O recebimento foi aprovado pela CIN.
"Não queremos que a universidade seja cúmplice da depredação ambiental e social. Aceitar os fundos da Alumbrera é encobrir e avalizar esse eco-genocídio", disse a conselheira estudantil, Miryam Pagano, no Conselho Diretivo da Faculdade de Humanidades. "É pouco ético receber dinheiro obtido através de sangue e degradação ambiental", disse Raúl Montenegro, da Funam (Fundação para a defesa do ambiente), Ong com status consultivo nas Nações Unidas e membro da Renace (Rede Nacional de Ação Ecológica). Montenegro lembrou o acidente em que um caminhão-tanque que se dirigia a uma mina virou e despejou 34 mil litros de gás-óleo no rio Belén. "Muitas universidades queriam receber esses fundos em silêncio, mesmo que viessem de uma empresa mineradora que violou direitos humanos e degradou o ambiente e cujo vice-presidente está sendo processado na justiça federal", criticou Montenegro.
A Funam vai disponibilizar pela internet a lista dos integrantes dos Conselhos Superiores de universidades nacionais. O objetivo é tornar público o nome e sobrenome de quem votou em favor ou contra o recebimento dos fundos da Alumbrera.
Alumbrera
A mineradora Alumbrera é explorada por uma união transitória de empresas integrada pela YMAD e Alumbrera Limited. Em 1999, já eram detectadas drenagens ácido-mineiras em Alumbrera, uma das principais ameaças da mineradora, já que aumenta a concentração de sulfato no solo.
A Alumbrera Limited opera desde 1997. Consome 4 milhões de litros de água por hora, 25% da energia elétrica do noroeste argentino e 87% do consumo total da província de Catamarca. A contaminação da mineradora ultrapassa os limites de Catamarca e chega a Tucumán, onde chega o mineraloduto de 316 quilômetros de extensão. Por hora, mais de 70 toneladas de material sólido chegam à região.
(Adital, 26/08/2009)