A Brigada Militar matou o homem errado em São Gabriel. A denúncia foi feita pelo presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, deputado Dionilso Marcon (PT), na sessão plenária desta quarta-feira (26/08). O parlamentar quer que a governadora Yeda Crusius e a Secretaria da Segurança Pública revelem aos gaúchos o nome do assassino de Elton Brum da Silva e também digam qual sem-terra deveria morrer no seu lugar, durante operação da BM, na Fazenda Southall, em São Grabriel, na sexta-feira (21).
Marcon também contesta informações da BM sobre a falta de experiência dos policiais que estavam no local na hora do crime. “Não houve despreparo da corporação e o tiro não foi acidental. A ação foi planejada”, afirmou o deputado, ao esclarecer que Elton era natural de Canguçu e não de São Gabriel, como reproduziu a imprensa a partir das informações da BM. “Ele foi morto por engano. O sem-terra que deveria ter sido assassinado também é negro. Há uma lista de outras pessoas para serem mortas”, advertiu Marcon, que levará as denúncias ao Ministério Público Estadual.
A demora em tornar público o nome do autor do tiro que matou Elton também indigna o deputado Raul Pont. “Não é possível ter um sistema de segurança que compactue com o assassinato”, frisou. Para ele, a cumplicidade, a omissão e a conivência da governadora Yeda Crusius com esse episódio é inaceitável. Raul Pont contrapôs a eficiência da BM para apurar os responsáveis pela morte do soldado ocorrida em 1990 na Praça da Matriz durante confronte entre BM e sem-terra com a ineficiência para apontar o assassino do sem-terra de 44 anos.
“Naquela oportunidade, a BM teve estrutura, organização e efetivo para cercar o Paço Municipal e tomar depoimentos em busca do pretenso culpado. Agora, essa mesma corporação age com um corporativismo inaceitável. Não é possível ter um sistema de segurança que compactua com o assassinato”, ressalta Pont.
(Tomando na Cuia / IHUnisinos, 26/08/2009)