Já não há porque questionar se a emissão de CO2 de origem antropogênica está na raiz do aquecimento global e das mudanças climáticas. Hoje discute-se quais serão as consequências destas mudanças climáticas para a humanidade, mas, em geral, pouco se discute dos impactos nos ecossistemas.
Dentre os impactos esperados estão profundas alterações nos ecossistemas marinhos. O excesso de CO2 já está alterando diversos processos biológicos, impactando os serviços ecossistêmicos e ameaçando a segurança alimentar. É o conclui um recente estudo [Impacts of climate change on marine organisms and ecosystems], publicado na última edição da revista Current Biology, o qual afirma que as taxas de alterações físicas nos oceanos são inéditas em alguns casos e que as mudanças nos processos biológicos marinhos são igualmente rápidas.
Dentre estas mudanças aceleradas estão modificações nos habitats, extinções por incapacidade de adaptação e expansão/colonização por espécies invasoras. Este é um conjunto de impactos com grandes mudanças nos ecossistemas marinhos. A acidificação dos oceanos, em razão do excesso de CO2, possui consequências nefastas para certos plânctons, crustáceos e moluscos. Os pesquisadores estimas que os níveis de oxigênio no oceano devem diminuir em cerca de 6% para cada aumento de um grau na temperatura do mar e que as zonas mortas, caracterizadas pelo e baixo teor em oxigênio, devem crescer, pelo menos, em 50%.
Estes são fatores com grande impacto nos estoques pesqueiros, responsáveis por 1/6 da proteína alimentar consumida pelas pessoas em todo planeta. Uma grande redução dos estoques pesqueiros terá um significativo impacto em termos de segurança alimentar. A redução dos estoque pesqueiros em razão da sobrepesca somada à redução pelos danos aos ecossistemas marinhos resultam em perdas catastróficas para fins alimentares.
Isto tem importantes implicações para o mundo o mais produtivo da pesca em águas a arrefecer regiões temperadas. Os mares fornecer cerca de um sexto da humanidade da proteína dos alimentos – e qualquer perda na produção pesqueira terá um impacto directo sobre nós, acrescenta.
Adicionalmente, os oceanos também estão sob ataque do aumento da exposição UV, poluição tóxica, espécies exóticas, etc. São fatores que associados ameaçam de extinção diversas espécies. Outro risco do aquecimento dos oceanos está no risco de desbloquear vastas reservas de metano congelado no fundo do mar, desencadeando uma emissão incontrolável, potencializando o aquecimento global.
O artigo “Impacts of climate change on marine organisms and ecosystems“, de Andrew S. Brierley, and Michael J. Kingsford, publicado na Current Biology 19, R602–R614, July 28, 2009, doi:10.1016/j.cub.2009.05.046, está disponível para acesso integral nos formatos HTML e PDF. Para acessar no formato HTML clique aqui.
(Por Henrique Cortez, EcoDebate, com informações de Michael Kingsford, do ARC Centre of Excellence in Coral Reef Studies, 31/07/2009)