(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
incineração de resíduos política nacional de resíduos termelétricas a biogás
2009-08-27

Grandes empresas que tentam aumentar a presença no mercado de destinação de resíduos sólidos estão procurando apoio do governo para implantar no Brasil a incineração de lixo em larga escala. O argumento é de que a tecnologia evoluiu nos últimos anos e tornou-se ambientalmente segura, o que a coloca como melhor saída para centros urbanos onde começa a faltar área para aterros sanitários - como a grande São Paulo e algumas cidades litorâneas. Desde junho representantes do setor de limpeza urbana têm frequentado gabinetes de deputados e senadores para conseguir apoio a projetos com incentivos à construção das usinas e para a energia elétrica produzida pela incineração. Os primeiros resultados começam a aparecer.

O principal alvo dos empresários é o projeto que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em tramitação lenta desde 1991, mas que ganhou novo fôlego com a entrada de um substitutivo do Planalto e a chegada do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) à relatoria - o deputado aprovou uma lei do tipo para São Paulo em 2005, quando era deputado estadual. O projeto cria normas mais estritas para a destinação do lixo e garante recursos públicos para a atividade - mas privilegiou até agora apenas o tratamento do lixo e os aterros.

O deputado diz, entretanto, que o texto vai passar a apoiar a queima do lixo com geração de energia: "A incineração era um pecado mortal, mas agora tornou-se ambientalmente necessária. A emissão de poluentes não existe mais.". Segundo ele, as versões anteriores do projeto abordavam a incineração, mas sempre para proibí-la. Pela primeira vez, deverá apoiar o seu uso.

Outro alvo das empresas é um projeto que chegou recentemente ao Senado criando um regime tributário especial para fontes alternativas de energia elétrica - como solar, eólica e marítima. A idéia é incluir a queima de lixo no pacote e tentar associar sua tramitação à da política de resíduos sólidos.

Dona do maior aterro sanitário de São Paulo, no município vizinho de Caieiras, a Cavo - subsidiária da Camargo Corrêa na área de resíduos sólidos - vem acompanhando de perto a discussão e também defende a chegada da incineração ao país. Segundo João Carlos David, diretor da empresa e também presidente da Associação Brasileira das empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), a chegada da incineração de lixo com geração de energia ao país é inevitável.

O aterro de Caieiras, com 350 hectares, observa, já teve que ser instalado fora de São Paulo para acomodar as 10 mil toneladas de lixo que a cidade produz diariamente - outro terreno do tipo pode ser mais difícil de se encontrar. O executivo diz que tem estudado as tecnologias disponíveis e seu custo, e defende a criação de incentivos para torná-las viáveis. O preço da energia pode chegar a R$ 210,00 o MWhora, bem acima do valor do mercado.

Vice-presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) e executivo da área de Engenharia Ambiental da Odebrecht, Newton Azevedo defende que a tendência mundial é substituir o modelo de disposição do lixo em aterros pela sua transformação - o que favorece seu uso para a geração de energia. Segundo o executivo, a idéia de que no Brasil o aterro ainda é mais barato é relativa: "O lixo tem que ser levado para cada vez mais longe, e isso tem um custo. Em São Sebastião e Camboriú, no litoral paulista, o lixo precisa subir a serra durante a temporada", diz o executivo.

No Brasil, as únicas experiências de geração de energia do lixo vêm do aproveitamento do gás metano gerado pelos aterros para mover usinas térmicas. Há duas usinas do tipo em São Paulo e uma terceira deve ser construída até o final do ano em Salvador pela Vega, maior empresa no setor de limpeza urbana. A um custo de R$ 40 milhões, a usina terá potência de 17 MW, e a energia deverá sair por R$ 160 a R$ 170 cada MW, o que a tornou viável.

Mas no caso da incineração, a Vega tem um histórico menos animador. A empresa ganhou em 1995 o único edital de incineração com geração de energia já lançado no país, promovido pelo município de São Paulo. A usina, que custaria R$ 350 milhões, nunca saiu do papel por inviabilidade econômica. Segundo Tadatuki Yoshimura, diretor da Vega, a prefeitura deveria pagar pelo menos R$ 200 por tonelada pela destinação do lixo para o custo se equilibrar. Hoje, a prefeitura paga cerca de R$ 40 por tonelada. "Na Europa, a média é de US$ 100, por isso lá a incineração é viável", diz.

Segundo Yoshimura, a escassez de espaço tende a tornar a opção pelo aterro mais cara: um terreno distante significa mais caminhões, mais funcionários, combustível, e maior dificuldade para o município vizinho autorizar sua instalação. Um exemplo de falta de espaço é o município de São Caetano, incrustado no ABC paulista. O município não tem mais área para implantar um aterro, e nem mesmo uma usina de reciclagem. Se um dia o município não puder mais "exportar" seu lixo, terá de incinerá-lo.

Para as grandes empresas do setor de engenharia e construção, a chegada da incineração é vista uma oportunidade de negócios exatamente pelo alto custo e pela alta exigência tecnológica. Com raras exceções, o ramo de limpeza urbana é dominado por empresas locais com baixa capitalização e sem grandes qualificações técnicas. A chegada da incineração é um meio de criar barreiras para as menores. "Nossa empresa tem vocação para lidar com tecnologia, o que nos interessa é a destinação final do lixo", diz Newton, da Odebrecht.

(Por Fernando Teixeira, Valor Econômico, 27/08/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -