Pesquisadores da ONG Climate Central analisaram as projeções climáticas feitas com modelos climáticos globais, identificando que as ondas de calor ou eventos extremos de calor (EHE) serão três vezes mais frequentes em 2050. As ondas de calor na Europa, em 2003, (mais de 14 mil mortes na França, 4,2 mil na Itália e Espanha, 2 mil em Portugal e mais de 2 mil no Reino Unido) e na Califórnia, EUA, em 2006 (com mais de 6 mil mortes) foram traumáticas o suficiente para desencadear uma sequência de novas pesquisas, que tentam avaliar os impactos do aquecimento global na saúde pública do hemisfério norte.
Em todo o mundo, desde 1995, dezenas de milhares de pessoas morreram em ondas de calor. A literatura científica, baseada nos modelos climáticos globais, antecipa as ocorrências mais freqüentes de dias quentes, ondas de calor (temperaturas muito elevadas sustentadas ao longo de vários dias) e verões excepcionalmente quentes. Além de ser desconfortável, os aumentos previstos no calor extremo terão importantes impactos sociais, incluindo:
- Aumento da mortalidade por estresse de calor em humanos e animais;
- Aumento na demanda de energia em razão de sistemas de refrigeração e ventilação;
- Danos às culturas agrícolas e
- Aumento da demanda de água.
A pesquisa sugere que em um grande número de cidades dos EUA, o número médio de dias em agosto, com temperaturas superiores a 35°C pode quase triplicar até 2050 e o número médio de dias de agosto com mais de 37,7°C poderá quase duplicar. A pesquisa baseou-se em cenários regionais de uma dúzia de modelos climáticos altamente sofisticados para comparar as médias de 1980 e 1990, com projeções de 2050 em três categorias:
- O número médio de dias em agosto de 32,2°C.
- O número médio de dias em agosto de 35°C.
- O número médio de dias em agosto de 37,7°C.
A conclusão é de que as cidades analisadas, em todos os EUA, irão, provavelmente, experimentar saltos significativos no número de dias de calor extremo, em agosto e nos meses de verão. Em 2009, grandes áreas, de Nova Iorque a Los Angeles, da Flórida ao Centro-Oeste, já enfrentaram ondas de calor durante o verão.
O tema é importante, principalmente diante do envelhecimento da população global, tendo em vista que os idosos são, nas ondas de calor, as maiores vítimas potenciais. O assunto também deveria ser discutido e pesquisado no Brasil, uma vez que, no Sul do país, os verões extremamente quentes e longas estiagens já estão se tornando frequentes, o que, certamente, implicará nos mesmos riscos à saúde pública.
A título de informação complementar sugerimos que leiam as matérias:
Aquecimento Global: Ondas de calor afetarão com mais vigor os idosos e pessoas com doenças crônicas
Estudo identifica que a onda de calor de 2006 na Califórnia aumentou a mortalidade
Aquecimento global: Dias mais quentes aumentam as internações hospitalares por problemas respiratórios
Extreme Heat, Energy Shortages Predicted for 21st Century, da Texas Tech
Também sugerimos que consultem os estudos:
“Weather and Climate Extremes in a Changing Climate. Regions of Focus: North America, Hawaii, Caribbean, and U.S. Pacific Islands.” U.S. Climate Change Science Program Synthesis and Assessment Product 3.3 (June 2008).
Global Climate Change Impacts in the United States, U.S. Global Change Research Program, 2009
Outra fonte para a sequência de eventos climáticos extremos pode ser acessada no sítio The Heat Is Online.
(Por Henrique Cortez, EcoDebate, com informações da Climate Central, 26/08/2009)