O deputado estadual Dirceu Dresch, líder do PT na Assembleia Legislativa, ocupou a tribuna nesta terça-feira (18/08), para denunciar a situação de endividamento dos produtores de suínos em Santa Catarina. Além da queda no preço, os produtores familiares também são ameaçados por uma nova estratégia das grandes agroindústrias que visam a implementação de mega-projetos de criação de suínos, o que demandaria investimento superior a R$ 1 milhão pelos agricultores.
Dresch participou, nas últimas semanas, de mobilizações de produtores na região do Alto Uruguai e no Extremo-Oeste. Os produtores reclamam do preço baixo e da pressão das agroindústrias, que exigem do produtor investimento em grandes estruturas de produção. Dresch considera contraditória a estratégia da indústria, diante da justificativa de excedente de produção para a baixa do preço. “Ao mesmo tempo em que as agroindústrias argumentam que sobra carne no mercado e por isso não podem pagar mais ao produtor, dão início a um processo que visa a instalação de estruturas gigantes para aumentar a produção de suínos”, questiona o deputado.
Os produtores de suínos vêm sofrendo um processo de endividamento ao longo dos últimos anos. A situação se agravou ainda mais devido aos efeitos da crise econômica internacional, que atingiu as exportações de carne, e foi agravado agora pelo uso na imprensa da expressão “gripe suína” para denominar a epidemia do vírus da gripe A (H1N1), que resulta em queda nas vendas da carne.
A instalação de mega estruturas para criação de suínos, com capacidade para mais de 4 mil animais, já está sendo imposta pela multinacional Cargill aos produtores, que precisam fazer investimentos superiores a R$ 1 milhão para se adequar à estratégia da agroindústria e permanecer no modelo de integração. “É uma estratégia de concentração da produção em menos produtores, visando apenas o lucro para a agroindústria. Isso vai agravar o endividamento dos produtores e desencadear um grande processo destruição social e ambiental, com um número enorme de agricultores familiares excluídos do processo produtivo”, opina Dresch.
Crítica
Dresch anunciou que vai se encontrar com o presidente da Fatma, Murilo Flores, nesta quinta-feira (20/08). O parlamentar vai solicitar que seja reavaliada a concessão de licenças ambientais para a instalação de mega projetos de criação de suínos, devido ao alto impacto ambiental e à exclusão de produtores menores que isso vai acarretar. A situação também será levada pelo parlamentar ao Ministério Público Estadual.
O deputado também quer discutir o uso de recursos públicos, do BNDES e do BRDE, para financiamento da implementação dessas estruturas. “É um absurdo o poder público financiar projetos que vão resultar na exclusão rural. Se isso avançar, a criação de suínos deixará de ser feita pela agricultura familiar para se tornar um negócio empresarial, desenvolvido não mais por quem mora e vive da propriedade e sim por pessoas que estão nos centros urbanos”, critica.
Emergencial
Para atacar o problema urgente da queda de preço, o deputado defende a compra do excedente de carne no mercado, pelos governos federal e estadual, como forma de fazer o preço reagir. Além disso, defendeu a adoção de preço mínimo para a carne suína, dentre outras medidas que visam garantir o crédito e a sustentabilidade da produção familiar. “É preciso uma ação rápida. A perda de renda atinge todos os produtores, principalmente nos pequenos municípios da região Oeste que têm na suinocultura a principal atividade econômica e geradora de empregos”.
Alerta
O deputado alerta que o processo de endividamento dos produtores e a pressão das agroindústrias para concentrar a produção em um número reduzido de produtores levarão a um processo grande de exclusão, como visto nos anos 80. “Em 1986 havia no estado 67 mil produtores comerciais de suínos, em sua ampla maioria agricultores familiares. Hoje, cerca de 8 mil produtores garantem 90% da produção de suínos. Dresch defende a regulamentação desse setor, por parte do poder público, da mesma forma como deve ocorrer na produção de leite, que também vem sofrendo um processo de concentração, de acordo com a estratégia das grandes agroindústrias.
(Por Edson Junkes, Ascom Alesc, 19/08/2009)