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shell reservas brasileiras de petróleo exploração de petróleo
2009-08-25

A Royal Dutch Shell PLC vai nesta terça (25/08) oficialmente juntar-se a um grupo seleto de multinacionais petrolíferas que extraem petróleo no Brasil, e ela espera que o projeto sirva como porta de entrada para uma das mais cobiçadas reservas do mundo. O lançamento do campo Parque das Conchas, ou BC-10, na Bacia de Campos, ocorre quando o país se prepara para aprovar leis há muito aguardadas sobre como regulamentará suas reservas do pré-sal, uma imensa fonte que emergiu como uma espécie de El Dorado para a indústria petrolífera mundial.

O Brasil é visto como uma das mais promissoras fontes de petróleo novo desde que o enorme campo Tupi foi descoberto sob uma grossa camada de sal na Bacia de Santos, dois anos atrás. Houve depois mais descobertas, e acredita-se que a área possa conter dezenas de bilhões de barris de petróleo.

Marvin Odum, diretor da divisão Upstream Americas da Shell, acredita que o atual campo da empresa, conhecido como Parque das Conchas ou BC-10, deve abrir mais oportunidades no Brasil. "Acho que o governo ficará satisfeito com o que estamos fazendo lá", disse ele ao Wall Street Journal. Mas pessoas que acompanham o setor dizem que é improvável que a Shell consiga expandir sua presença no pré-sal além das três licenças de exploração que já possui.

Várias petrolíferas de países ricos tinham licenças para a área antes de Tupi ser descoberto, e elas têm perfurado lá desde então, mas o governo brasileiro informa que não concederá mais licenças até que tenha estabelecidas novas leis regulamentando a área. As leis devem reforçar o papel da Petrobras na abertura de áreas como a Bacia de Santos. Também é provável que elas canalizem os frutos dos novos campos para um novo fundo estatal dedicado ao combate à pobreza.

Odum disse que há um "nível significativo de incerteza" sobre como as reservas do Brasil em águas profundas serão desenvolvidas. Mas negou que petrolíferas como a Shell estejam frustradas com a lentidão do governo. O importante não é o timing, disse Odum, mas "assegurar que eles desenvolvam um sistema que seja mundialmente competitivo e que atraia investimento".

Desde que o Brasil abriu seu setor petrolífero a empresas estrangeiras, no fim dos anos 90, apenas algumas encontraram campos e começaram a operá-los com sucesso. Em junho, uma joint venture entre a americana Chevron Corp. e a Petrobras produziu o primeiro petróleo do Campo Frade. A Shell começou a extrair petróleo do Parque das Conchas em julho, mas o campo será oficialmente inaugurado hoje.

O BC-10 é outro exemplo de como as petrolíferas internacionais estão começando a ter um impacto na exploração e produção de petróleo do Brasil, disse Ruaraidh Montgomery, um analista da Wood Mackenzie, uma consultoria do setor. Montgomery disse que, em 2008, as petrolíferas estrangeiras corresponderam a menos de 5% da produção de hidrocarbonetos líquidos no Brasil. Isso aumentará para pouco menos de 20% em 2015, afirmou.

Mas não tem sido fácil para as petrolíferas multinacionais no Brasil. A produtora britânica de gás natural BG Group PLC informou ontem que o teste num poço que ela e a Petrobras perfuraram em águas profundas não confirmou a existência de hidrocarbonetos, apesar de sinais de gás natural durante as perfurações. Foi o segundo fracasso de grande porte no pré-sal: em julho, a Exxon Mobil Corp. e a Hess Corp. também anunciaram que não encontraram petróleo num poço do bloco Guarani.

Com o Parque das Conchas, a Shell conseguiu uma série de feitos inéditos no setor. O petróleo e gás produzidos no campo serão separados no leito marinho, em vez de numa plataforma ou em terra. O combustível será erguido quase 2 km para a superfície usando bombas elétricas submersíveis, cada uma delas com a potência de um motor de Fórmula 1.

(Por Guy Chazan, com colaboração de Jeff Fick, The Wall Street Journal / Valor Econômico, 25/08/2009)


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