Líderes africanos pedirão aos países ricos 67 bilhões de dólares por ano para mitigar os efeitos do aquecimento global no mais pobre dos continentes, segundo proposta à qual a Reuters teve acesso nesta segunda-feira (24/08). Dez líderes mantêm discussões na sede da União Africana, na capital etíope, para buscar uma posição comum que seja levada à cúpula climática de dezembro em Copenhague.
Especialistas dizem que a África contribui pouco para a poluição responsável pelo aquecimento, mas deve ser a região mais atingida por secas, inundações, ondas de calor e elevação do nível dos mares caso a mudança climática não seja controlada. A proposta, que ainda deve ser aprovada pelos dez líderes, diz que a falta de coordenação entre os governos do continente tem sido um sério entrave à capacidade da África para participar das negociações climáticas. "A equipe de negociação precisa ser apoiada com o peso político no mais alto nível no continente, para garantir que a voz africana a respeito das negociações da mudança climáticas seja tratada com a seriedade que merece," disse o documento.
Há alguns meses, o primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, pediu aos países ricos que compensem a África pelo aquecimento, alegando que a poluição no Hemisfério Norte pode ter causado as desastrosas ondas de fome no seu país na década de 1980. Em maio, um estudo encomendado pelo Fórum Humanitário Global, de Genebra, disse que os países pobres podem arcar com mais de 90 por cento dos efeitos humanos e econômicos da mudança climática.
Os 50 países mais pobres do mundo, no entanto, contribuem com menos de 1 por cento das emissões globais de dióxido de carbono, o principal dos gases do efeito estufa, segundo o relatório. A África, segundo esse estudo, é a região mais ameaçada, e 15 dos 20 países mais vulneráveis ficam no continente. O Sul da Ásia e pequenos países insulares em desenvolvimento também estão bastante ameaçados.
Os países pobres querem que os ricos assumam metas mais ambiciosas de redução das emissões de gases do efeito estufa e que transfiram dinheiro e tecnologia para ajudar na mitigação das mudanças climáticas nas nações em desenvolvimento.
(Por Tsegaye Tadesse, UOL Reuters, 24/08/2009)