Pescadores artesanais do Chile realizam, desde o dia 13 de agosto, jornada de protestos contra a privatização do mar. Terça (25/08), os integrantes da Confederação Nacional de Pescadores Artesanais de Chile (Conapach) se reunirão para discutir os diferentes pontos da reforma da Lei de Pesca e Aquicultura e as estratégias para as próximas mobilizações.
Na ocasião do encontro, a Conapach, juntamente com outras agrupações da pesca artesanal, analisarão a reforma da Lei que tem o objetivo de privatizar o mar. De acordo com informações da Confederação, na oportunidade, os participantes enumerarão as exigências e as indicações que acreditam ser importantes para que tal Lei seja menos prejudicial para os trabalhadores do mar.
As manifestações começaram no último dia 13 de agosto, quando mais de 100 pescadores marcharam pelas ruas de Puerto Montt com o objetivo de pedir aos senadores que rechacem as modificações da Lei de Pesca e Aquicultura, que tramita no Congresso. Simultaneamente a isso, outro grupo de trabalhadores bloqueava a Estrada Austral, em Hualaihue, como forma de protesto contra as companhias salmoneiras e a pesca industrial.
De acordo com a Conapach, novas mobilizações estão previstas para acontecer na Região de Los Lagos e em nível nacional. "Um dos objetivos da marcha é protestar contra a demora do Governo em relação aos temas de interesse da pesca artesanal e, em particular, porque estamos contra a privatização do mar", afirmou Zoila Bustamante, presidente da Conapach, à Ecoceanos News.
Para a presidente da Confederação, os senadores devem votar contra a reforma da Lei - pois esta favorece somente aos grandes empresários salmoneiros - e em favor das demandas dos pescadores artesanais. "Nós já solicitamos à presidente Michelle Bachelet que o projeto seja retirado da discussão do Congresso, e não tivemos resposta", disse.
Além da privatização do mar, os pescadores protestam ainda em defesa do acesso aos recursos bentônicos e da captura dos salmões que escapam das gaiolas de cultivo mantidas no sul do país por empresas nacionais e multinacionais. Segundo a dirigente da Conapach, atualmente, a apreensão de salmões que escapam das jaulas é penalizado por lei.
Na opinião de Bustamante, há uma clara falta de política de desenvolvimento para o setor pesqueiro."O fracasso do Fundo de Administração Pesqueira, seu questionamento pela utilização política no pagamento de benefícios, mostram-nos que o desenvolvimento de nosso setor ficou entregue à vontade de operadores, sem nenhuma visão de Estado", comentou à Ecoceanos.
"Em minha região o chamado [das mobilizações] é para defender as águas interiores, que são patrimônio da pesca artesanal; aqui se encontram nossos barcos, pesqueiros, bancos naturais; por estas águas temos transitado e pescado livremente, desde a arrecadação ao cerco artesanal, e devemos evitar que a lei dos salmoneiros signifique perder uma pedra de nosso território", finalizou Bustamante.
(Adital, 24/08/2009)