Após reunir duas de suas comissões nos últimos dias 21 e 22, em Lima, capital do Peru, o Parlamento Latino-Americano (Parlatino) vai pedir aos governos da região que implementem políticas públicas alimentares e nutricionais e de redução dos danos ambientais nas regiões glaciais, maiores vítimas do aquecimento global. O objetivo é tomar medidas nacionais para intervir, em dezembro, no foro ambiental de Copenhague, capital da Dinamarca, do qual poderá sair um documento complementar ou substitutivo ao Protocolo de Kyoto para 2012.
Os participantes da 12ª Reunião da Comissão de Agricultura, Pecuária e Pesca do Parlatino vão propor aos governos latino-americanos a adoção de medidas que promovam e apóiem a produção de alimentos em quantidade e inocuidade, com inversão em ciência e tecnologia; a educação da população em matéria de nutrição. O objetivo da comissão é alcançar melhores níveis de segurança alimentar e romper com o ciclo da fome. Dentre as medidas específicas, seus 12 integrantes deverão revisar - cada um em seu país - a legislação nacional que trata do uso de pesticidas obsoletos.
Segundo o pesquisador Mariano Olazábal, da Universidade para a Cooperação Internacional (UCI), em 2025 seremos 9 bilhões de pessoas no mundo, 2,5 bilhões a mais do que atualmente. Devido a esse fato, "as nações do hemisfério sul, e as latino-americanas em particular, terão a necessidade de duplicar a produção de alimentos para satisfazer a demanda", defendeu o pesquisador.
O presidente-geral da Inform@cción Perú, Fernando Cilloniz Benavides, informou que apenas 5% da agricultura atual são industrializados. Segundo Benavides, embora cresça 20 mil hectares anuais por ano, ela fica detida em poucas regiões. Já os integrantes da 12ª Reunião da Comissão de Meio Ambiente e Turismo do Parlatino vão sugerir aos países da região que adotem projetos pilotos especiais de proteção às calotas polares, já que as regiões glaciais são as maiores afetadas pelo aquecimento global. O documento final do grupo pede que sejam incluídas medidas ambientais na agenda legislativa de cada país.
A vice-presidente do Parlatino, Fabiola Morales Castillo, assinalou que o derretimento das calotas polares afeta, principalmente, as populações próximas, que geralmente são as mais empobrecidas e menos responsáveis pelos danos ambientais. A falta de água potável nessas zonas ocasiona a migração.
Segundo dados divulgados pelo especialista em degelo da Comunidade Andina, Ricardo Giesecke, caso não sejam tomadas medidas para reverter o quadro ambiental atual, em 15 ou 20 anos, o mundo poderá ter apenas 5% de suas geleiras atuais. O deputado chileno Miguel Venegas deu o exemplo de seu país ao lembrar que a legislação do Chile prevê penas para pessoas e entidades que atentam contra o meio ambiente.
Já o deputado argentino Juan Carlos Gioja informou que, em seu país, há um código de mineração que regula a atividade industrial. A lei ainda exige a realização de audiências públicas para a aprovação de estudos sobre impactos ambientais de atividades industriais. Morales informou que o Parlatino deverá definir sua participação na Cúpula de Copenhague durante a reunião da Junta Diretiva da organização, a ser realizada em 5 de setembro, no Panamá.
(Adital, 24/08/2009)