Marabá corre o risco de vir a se transformar, ao longo dos dois próximos anos, "num grande favelão"

A diretoria da Vale anunciou nesta sexta (21/08), durante reunião da sede da Sudam, em Belém, a descoberta de novas ocorrências de cobre na província mineral de Carajás, no sudeste do Pará. "Temos outros projetos em pesquisa na região e já foram detectadas várias outras anomalias de cobre em Carajás, algumas delas bastante promissoras", afirmou o gerente geral de controle de qualidade do Departamento de Cobre da empresa, Roberto Albuquerque.

Na área do cobre, por exemplo, Roberto Albuquerque informou que a Vale já tem planejada a implantação de quatro novos projetos. Além do Sossego, inaugurado há quase cinco anos em Canaã dos Carajás, a Vale está implantando o Projeto Salobo, em Marabá - que será o maior empreendimento de cobre do Brasil -, e já iniciou o ciclo de audiências públicas para implantação do Cristalino, no município de Curionópolis. Os outros dois projetos de cobre a serem implantados pela Vale na área de Carajás são o 118 e o Alemão.

O diretor de relações institucionais da Vale no Pará, José Carlos Soares, confirmou que a mineradora vai investir no sudeste do Pará, até 2015, mais de 10 bilhões de dólares, o equivalente a cerca de R$ 20 bilhões. O maior de todos os empreendimentos é a siderúrgica, que será implantada pela Vale e parceiros internacionais no município de Marabá. De acordo com José Carlos Soares, só nesse projeto a empresa planeja investir US$ 3,3 bilhões e a expectativa é de que ele possa gerar, na fase de implantação, algo em torno de 18 mil empregos.

José Carlos Soares informou que a Vale planeja chegar a 2014 com uma produção anual de minério de ferro da ordem de 250 milhões de toneladas em Carajás. Hoje, a produção está em torno de 100 milhões de toneladas. Para viabilizar esse crescimento, a mineradora vai ampliar em 30 milhões de toneladas/ano (de 100 para 130 milhões) a produção da mina pioneira de Parauapebas e abrir duas novas minas.

Uma delas é a de Serra Leste, em Curionópolis, com produção prevista de 30 milhões de toneladas/ano. A outra é a mina S11D (antiga Serra Sul), que deverá entrar em operação em 2013 e que alcançará na sua terceira fase, em 2014, a produção de 90 milhões de toneladas/ano.

O gerente-geral da Fundação Vale no Pará, Paulo Cezar Esteves, anunciou a mudança de estratégia de atuação da entidade na área de responsabilidade social. A Fundação, segundo ele, passou a adotar a lógica de desenvolvimento territorial. Paulo Cezar Esteves disse que a FV tem como meta implantar no Pará 16 estações conhecimento até 2012, para atendimento de crianças e jovens na faixa etária de 6 a 18 anos. As duas primeiras já estão implantadas, em Tucumã e Parauapebas.

O prefeito de Marabá, Maurino Magalhães, manifestou ontem apoio aos empreendimentos da Vale na região sudeste do Pará, mas aproveitou para fazer um alerta. Se não houver uma ação muito forte e articulada para investimentos entre o governo do Estado e a União Federal, para complementar os esforços da prefeitura e da própria Vale, a cidade de Marabá corre o risco de vir a se transformar, ao longo dos dois próximos anos, "num grande favelão".

O superintendente da Sudam, Djalma Mello, disse que o cronograma de investimentos no Pará apresentado ontem pela Vale projeta a obtenção de incentivos fiscais em montante superior a R$ 700 milhões. Djalma Mello propôs, ao final do encontro, uma parceria entre a Sudam, Governo do Estado, Vale e prefeituras para que possam trabalhar integradamente no sentido de prevenir o aparecimento de problemas e de acelerar o desenvolvimento da região.

(Por Diário do Pará / Amazonia.org.br / Fórum Carajás, 22/08/2009)