A saúde dos ecossistemas mundiais e a sua capacidade de estocar carbono podem estar em risco se a Convenção Quadro da ONU para Mudanças Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês) não mudar a sua definição de floresta, alerta um estudo realizado por Nophea Sasaki e Francis E. Putz, publicado no periódico Conservation Letters.
A UNFCCC define floresta como uma área mínima de terra de 0,05-1,0 hectare (no Brasil, 1,0 hecta¬re), com cobertura de copa (ou estoque equivalente) de mais de 10-30% (no Brasil, 30%), com árvores com o potencial de atingir uma altura mínima de 2-5 metros (no Brasil, 5 metros) no estágio de maturidade no local. Dentro destes limites, os países devem determinar quais são seus próprio padrões, o que deixa espaço para interpretações pouco conservadoras.
O estudo alega que estes padrões são muito baixos, e que os desmatadores podem cortar um volume substancial de árvores dentro da floresta, degradando a área e mesmo assim ela ainda ser considerada como floresta dentro dos critérios da ONU. Portanto, os resultados deste estudo indicam que esta definição pode não ser adequada para servir como base para um mecanismo de REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação).
Sazaki e Putz argumentam que neste sentido, 40% do carbono estocado na floresta pode vir a ser liberado para a atmosfera, não gerando resultados muito promissores para o clima. Mesmo com padrões de verificação rígidos sendo estabelecidos no mercado, o monitoramento da degradação florestal ainda é complicado.
O estudo sugere que a definição da ONU estabeleça como base para a cobertura de copa 40% e para a altura das árvores 5 metros, além de reforçar as regras para as florestas nativas. Estas pequenas mudanças na definição de florestas incentivarão a substituição da degradação pelo manejo sustentável, explicam os autores.
Veja o estudo
(Por Fernanda B Muller, CarbonoBrasil, 21/08/2009)