Projeto de limpeza iniciado em 2008 está em andamento, mas sofrerá nova avaliação da prefeitura
“Chega de conversa: limpeza já!”. Uma das faixas colocadas na grade que cerca o Lago Fasolo, em Bento Gonçalves, traduz a revolta dos moradores do bairro Progresso. Passados nove meses do início do processo para a despoluição do lago, pouco foi feito. A Secretaria do Meio Ambiente pretende revisar os encanamentos, mas não tem planos de recomeçar logo o serviço, iniciado pela administração passada, em agosto de 2008.
Desde 2004, os bento-gonçalvenses esperam pela revitalização do lago, que ocupa uma área de 26,5 mil metros quadrados. O mecânico Sonir Antonio Bon, 42 anos, mora desde criança na Rua Pedro Rosa, em frente ao reservatório de água. Em julho, moradores se reuniram e espalharam cinco faixas nas moradias e nas cercas.
– Algumas casas tiveram canos entupidos, sem falar do mau cheiro, dos mosquitos e dos ratos – denuncia o mecânico.
O secretário do Meio Ambiente, Ênio Eliseu Cecagno, afirma que a população tem toda a razão em reclamar. Na semana passada, a secretaria fez uma limpeza no lago em função de uma mortandade de peixes, ocasionada pela proliferação de algas causada pelo calor. Duas bombas de sucção foram ligadas a uma fossa, para que os detritos não se acumulem.
Porém, Cecagno critica que uma fossa instalada no local pela prefeitura passada não separa o esgoto cloacal da água da chuva, o que provoca o enchimento mais rápido do lago. Outro problema, que tem previsão para ser resolvido nesta semana, é o conserto de um cano quebrado, instalado em 2004 para desviar o esgoto das moradias vizinhas. Por causa da falha, os detritos continuam sendo despejados no lago.
– Estamos executando todo o projeto que estava em construção. Vamos avaliar se terá a necessidade do esvaziamento total e de retirar o lodo de dentro. Acreditamos que, para resolver o problema, as (casas de) mais de 30 famílias dali devem ter um tratamento de esgoto adequado, se não, em dois, três anos, o problema vai voltar – diz Cecagno. A previsão para o conserto é de até um dia e meio de trabalho
– Também vamos analisar se vamos revitalizar a área, fazer uma praça – destaca o secretário.
Histórico
- Em 1930, o terreno era utilizado por uma olaria para recolher terra para fabricar tijolos.
- Por volta de 1941, a área foi vendida. Anos depois, foi comprada pelo Curtume Fasolo. A indústria, hoje desativada, utilizava a água para manufaturar couro.
- Com 26,5 mil metros quadrados, o lago recebeu, durante mais de 30 anos, o esgoto de bairros vizinhos.
- Em outubro de 2004, conseguiram solucionar um dos principais focos de poluição: um cano de esgoto que desembocava na água foi desviado. Atualmente, o cano está quebrado.
- Em agosto de 2008, a prefeitura lançou a licitação para despoluir o lago. Em novembro, instalou uma caixa de coleta e canos de ligação para que o esgoto não caísse na água. O Executivo segue o plano de despoluição, mas avaliará etapas, como o esvaziamento do lago para a limpeza e a revitalização da área.
(Pioneiro, 24/08/2009)