A mudança climática aumentará os preços dos alimentos e isso afetará sobretudo as populações urbanas dos países em desenvolvimento, segundo um estudo publicado na quinta-feira (20/08) pela revista "Environmental Research Letters". O documento explicou que as nações mais afetadas pela situação serão Bangladesh, México e Zâmbia.
Cientistas da Universidade Purdue, Indiana, chegaram a essa conclusão após examinar as consequências de eventos meteorológicos adversos e potenciais como as ondas de calor, as secas e as chuvas em 16 países em desenvolvimento. "O clima extremo afeta a produtividade agrícola e pode aumentar os preços dos alimentos como os grãos que são importantes para as famílias dos países em desenvolvimento", disse Noah Diffenbaugh, professor do Centro de Pesquisas sobre a Mudança Climática da Universidade Purdue.
Os estudos demonstraram que o aquecimento global provavelmente aumentará a frequência e intensidade das ondas de calor, as secas e as inundações em muitas zonas. "Por isso é importante entender que grupos econômicos e países sofrerão mudanças na taxa de pobreza a fim de tomar decisões baseadas em informações", acrescentou.
No estudo, os cientistas utilizaram dados do século XX e projeções para o século XXI para determinar futuros extremos climáticos, seu impacto na produção de grão e as consequências gerais nos países mais pobres. Segundo Thomas Hertel, professor de economia agrícola e um dos autores do estudo, embora só contribuam modestamente na taxa de pobreza, os trabalhadores urbanos são, ao mesmo tempo, os mais vulneráveis às mudanças na produção de grãos. "O alimento é o maior gasto para os pobres e embora os que trabalhem na agricultura talvez se beneficiem do maior preço dos grãos, os indigentes urbanos só receberiam os efeitos negativos", disse.
Segundo Hertel, essa conclusão é importante à luz de projeções das Nações Unidas que indicam que se manterá a mudança de população de zonas rurais às cidades de virtualmente todos os países em desenvolvimento. O estudo indica que Bangladesh, México e Zâmbia estão entre os países analisados que mostraram um maior percentual de população que entrará na pobreza como resultado das secas extremas.
(Yahoo! / AmbienteBrasil, 21/08/2009)