Pesquisadores japoneses detectaram disfunções neurológicas. Doenças associadas a genes afetados incluem autismo e Alzheimer
Seis pesquisadores da Universidade de Ciência de Tóquio demonstraram que a exposição de camundongos fêmeas a nanopartículas de dióxido de titânio prejudicou a expressão de centenas de genes relacionados ao sistema nervoso central de suas crias. As checagens foram realizadas no 16º dia de gestação e em diversos momentos após o nascimento.
Os rebentos das cobaias que receberam injeções das nanopartículas apresentaram disfunções neurológicas. “A produção de novas nanopartículas está avançando em todo o mundo”, afirmou Ken Takeda, coordenador do estudo. “O dióxido de titânio, em sua forma nanoparticulada, pode ser usado para a purificação do ar e da água e em superfícies auto-limpantes”, explica. “Nossas descobertas, no entanto, reforçam as apreensões atuais de que este nanomaterial, especificamente, pode ter o potencial de afetar a saúde humana.”
As doenças associadas a esses genes incluem autismo, epilepsia e desordens de aprendizado – manifestas normalmente na infância – e Alzheimer, Parkinson e esquizofrenia, desenvolvidas na vida adulta.
A nanotecnologia envolve engenharia de material em escala molecular. Não dá para comparar a versão convencional de um material às novas criações hiperminúsculas baseadas nele. No caso do dióxido de titânio, partículas maiores são empregadas em bloqueadores solares, por exemplo. O problema é que os efeitos sobre tecido vivo da versão nano só agora estão começando a ser compreendidas.
A pesquisa, que sai na “Particle and Fibre Toxicology”, traz a ressalva de que, deliberadamente, foram injetadas altíssimas doses de nanopartícula nas cobaias, o que prejudica uma comparação realista com os níveis de exposição da vida real.
(G1, 28/07/2009)