Limpando óleo derramado
Um novo produto de limpeza desenvolvido nos laboratórios da Coppe e do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), promete ser um aliado para remediar a poluição causada por derramamentos de óleo no mar ou pelo rompimento de oleodutos em terra. Trata-se de um detergente biodegradável capaz de limpar as manchas de óleo, conhecido tecnicamente como biossurfactante. "É um produto de origem microbiana, obtido a partir de fontes renováveis de carbono, que pode ser usado para reduzir a contaminação e minimizar o impacto ao meio ambiente", diz um dos coordenadores da pesquisa, Cristiano Borges, do Programa de Engenharia Química da Coppe.
Biodetergente
O estudo, realizado em parceria com a Petrobras, é o primeiro do gênero no País. "É uma pesquisa inédita, que surgiu há 10 anos por iniciativa da pesquisadora Denise Freire, do Instituto de Química, em parceria com a pesquisadora Lidia Santanna, da Petrobras", conta Borges, que participa do projeto há cinco anos.
De acordo com Kronemberger, a ideia é produzir o detergente em maior escala, na Unidade Piloto para Produção de Biossurfactantes, localizada na Coppe e inaugurada no dia 24 de julho último. "O laboratório está produzindo cerca de 200 litros por semana do produto, à base de glicerina, mas ainda não realizamos testes em campo. Estamos avaliando a concentração necessária para a aplicação do biossurfactante na praia ou no mar", explica ele, acrescentando que esses testes devem ocorrer em 2010.
Bactérias comedoras de petróleo
O biossurfactante é produzido a partir de um processo de fermentação aeróbia das bactérias Pseudomonas sp, que transformam fontes de carbono no detergente biodegradável. "Essas bactérias produzem naturalmente o biossurfactante porque são originárias de poços de petróleo, onde sua única maneira de sobrevivência é através do consumo das cadeias orgânicas do petróleo", conta Frederico.
A escolha da glicerina como substrato para a produção do detergente foi pautada pela relação custo e benefício. "Fizemos testes com diferentes fontes renováveis de carbono e a glicerina foi a que teve melhor resultado e menor preço, devido à facilidade de encontrá-la nas usinas produtoras de biodiesel, já que se trata de seu principal subproduto. Aliás, a expansão da produção de biodiesel tem feito o preço da glicerina cair cada vez mais, o que tem contribuído para diminuir o custo para a produção do biossurfactante. Embora inicialmente não tenha sido desenvolvida com esse propósito, nossa pesquisa acabou sendo uma alternativa interessante para absorver o excedente cada vez maior de glicerina, que de outra forma poderia causar impacto sobre o meio ambiente", destaca.
Para viabilizar essa fermentação sem a formação de espuma em demasia durante a fabricação do produto, um contactor de membranas é usado para o controle da concentração de oxigênio dissolvido no meio. "A produção excessiva de espuma tornaria inviável a produção em larga escala, daí a necessidade de se utilizar membranas para uma forma não dispersiva de oxigenação", conclui Frederico.
(Por Débora Motta, Faperj / Inovação Tecnológica, 19/08/2009)