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manguezais aqüicultura desmatamento
2009-08-20

A criação industrial de camarão tem sido uma importante causa de destruição para as zonas úmidas dos manguezais em Bangladesh- cerca de 45%- e tem levado à perda de biodiversidade bem como à perda de sustento para milhões de pessoas que dependem dos manguezais.

Na década de 90, o Banco Mundial promoveu e apoiou a aqüicultura camaroneira como parte do incentivo às políticas voltadas para a exportação. Um artigo de A.K.M Enayet Kabir (1) afirma que “Em nome da geração de divisas, muitas comunidades são agora associadas com a criação de camarão, que desde a década de 80 abrange uma extensa área dos distritos litorâneos de Bangladesh.”

E ele reflete: “Apenas temos calculado para onde os lucros das exportações vão e quem são os beneficiários. Os lucros gerados às custas da saúde das comunidades locais e dos efeitos adversos em nossos Sunderbans não beneficiam o povo.” Em um país que tem o nível mais alto de desnutrição na região Ásia- Pacífico que afeta 70-80% das crianças com uma taxa de mortalidade infantil muito alta, a pesca de subsistência poderia ser um recurso para mitigar o problema. Contudo, a criação de camarão tem poluído o meio ambiente nos Sunderbans e arredores, minando a própria base da criação de camarão ao alterar o ciclo natural de nutrientes.

A perda de manguezais também levou à perda de proteção contra os ciclones. Um estudo de J. Martinez-Alier et al.(2) comenta que “As notícias televisivas de enchentes e mortes em Bangladesh são comuns nas moradias do norte, mas a conexão com os manguezais destruídos, as granjas camaroneiras abandonadas e a redução da defesa litorânea contra os ciclones não é divulgada com freqüência. O desmatamento deixou a área em alto grau de vulnerabilidade diante da intrusão do mar quando os ciclones arremetem. Assim, a falta de segurança alimentar devida ao fato de os manguezais terem sido cercados a fim de produzir um produto de exportação de luxo tal como o camarão é agravada pela insegurança ambiental.”

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Deli na Índia e a Universidade de Duke nos Estados Unidos estudou as mortes relacionadas com as tempestades decorrentes do forte ciclone que em 1999 arrasou povoados inteiros no litoral leste da Índia. O estudo (3) concluiu que os povoados protegidos contra a tempestade pelas florestas de mangue tiveram um número significativamente menor de mortes que os povoados menos protegidos.

Os resultados da pesquisa foram divulgados em abril deste ano, um mês antes de o ciclone Aila ter matado cerca de 90 pessoas nos distritos do sudoeste de Bangladesh e inundado cerca de 40 por cento das granjas camaroneiras na região de Khulna no dia 26 de maio. (4) De forma trágica, a substituição de manguezais pela produção comercial de camarão tem levado o povo à falência deixando-o sem proteção nem alimentos.

(1) “Ecological impact has to be assessed”, A. K. M Enayet Kabir, http://www.ecologyasia.com/news-archives/2002/may-02/independent-bangladesh_280502.htm

(2) “The Environmentalism of the Poor”, J. Martinez-Alier, UK, http://www.wrm.org.uy/actors/WSSD/alier.pdf

(3) “Mangrove Forests Save Lives In Storms, Study Of 1999 Super Cyclone Finds”, ScienceDaily, 21 de abril de 2009, http://www.sciencedaily.com/releases/2009/04/090414172924.htm

(4) “Blow to shrimp cultivation”, The New Nation, http://nation.ittefaq.com/issues/2009/06/22/news0737.htm

(Ecodebate, 10/08/2009)


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