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passivos de hidrelétricas passivos de barragens
2009-08-18

Dez pessoas morreram e 62 estavam desaparecidas depois que água inundou nesta segunda (17/08) uma casa de força na maior usina hidrelétrica da Rússia, num acidente que revela o frágil estado da infraestrutura russa da era soviética. Autoridades disseram que poderá levar "vários anos" - e custar bilhões de rublos - para reparar o efeito dos danos na usina Sayano-Shushenskaya, depois do acidente que destruiu uma turbina, danificou gravemente outras duas e provocou o colapso de parte da estrutura da usina.

O acidente gerou pânico na região siberiana de Khakassia quando surgiram notícias do acidente na manhã de ontem, depois que as usinas siderúrgicas e de alumínio da região foram forçadas a recorrer a fontes energéticas emergenciais. Os moradores das proximidades, que tinham começado a fugir, retornaram somente depois que o Ministério de Situações Emergenciais anunciou não haver risco de rompimento da barragem.

A causa do acidente ainda não foi determinado, mas analistas disseram que foi um forte lembrete da extrema necessidade, para os russos, de injetar centenas de bilhões de rublos em investimento em sua decrépita infraestrutura da era soviética. "Acidentes podem acontecer em qualquer lugar, mas não restam dúvidas de que, durante 15 anos, o setor elétrico russo recebeu verbas muito aquém do necessário", disse Derek Weaving, analista do setor energético na Renaissance Capital, um banco de investimentos moscovita. Chris Weafer, estrategista-chefe do banco de investimentos Uralsib, de Moscou, afirmou: "Esse é um grave lembrete da urgência de um programa de investimentos em infraestrutura".

Mas, como o orçamento federal está sob pressões, em meio a uma crise econômica que fez o Produto Interno Bruto (PIB) cair quase 11%, o governo poderá ser obrigado a recorrer mais agressivamente aos mercados financeiros internacionais, no ano que vem, para bancar a modernização extremamente necessária, disse Weafer. "Caso o preço do petróleo não dobre, é impossível identificar de onde poderia vir o dinheiro - mas os recursos precisam ser encontrados".

O governo do ex-presidente Vladimir Putin pretendia gastar a maior parte dos US$ 200 bilhões que armazenara em seus dois fundos formados por receitas inesperadamente elevadas do petróleo durante os anos de expansão acelerada em um ambicioso plano de modenização de infraestrutura. Mas autoridades dizem que os fundos serão gastos "nos próximos anos" para cobrir déficits orçamentários relacionados com gastos sociais e para incrementar os recursos financeiros de conglomerados estatais. Cerca de US$ 100 bilhões dos recursos serão gastos apenas para cobrir o déficit orçamentário do ano que vem.

Um plano anterior à crise, que visava atrair centenas de bilhões de dólares em investimentos para o setor de eletricidade, revelou-se até agora infrutífero. A Rússia privatizou as companhias geradoras de eletricidade, numa tentativa de alavancar investimentos e evitar apagões, mas os planos para financiar ações de modernização por meio de aumentos nas tarifas de eletricidade foram adiados devido à crise.

Um colapso de 5% a 10% na demanda de eletricidade desde a crise evitou sobrecargas na infraestrutura elétrica russa, mas "quando a Rússia sair da crise, o país sofrerá, muito rapidamente, escassez de eletricidade", disse Weaving. A Rússia está planejando captar até US$ 60 bilhões nos mercados financeiros internacionais nos próximos três anos para ajudar a cobrir déficits orçamentários.

(Por Catherine Belton, Financial Times / Valor Econômico, 18/08/2009)


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