A administração regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Altamira (PA) declarou, em nota enviada ao site Amazonia.org.br, que não reprimiu ou coagiu duas lideranças indígenas durante um encontro para discussões sobre a hidrelétrica de Belo Monte que aconteceu no mês passado.
A declaração foi dada depois que o Conselho Indigenista Missionário publicou em seu site uma nota em que acusa o administrador da fundação em Altamira de ter advertido os líderes indígenas, José Carlos Arara, do Povo Arara da Volta Grande do Xingu e Ozimar Pereira Juruna, do Povo Juruna da Aldeia Paquiçamba, por terem comparecido à audiência sobre a usina sem poder de representação para isso.
Em sua defesa, a Funai diz que não reprimiu ou coagiu os indígenas, mas apenas conversou com Ozimar depois que outros indígenas, dentre os quais Joaquim Kuruaya, liderança do povo Kuruaya, e Jair Bepkamrô Kayapó, líder da aldeia Pát-krô, questionaram o pronunciamento dado por ele à imprensa local durante o evento. Na ocasião, Ozimar disse que as informações transmitidas aos indígenas sobre a hidrelétrica de Belo Monte até agora, não correspondem à verdade e que os moradores das aldeias que serão atingidos pelo projeto estão sendo "enganados".
Em sua nota, a Funai diz que, após o questionamento dos dois líderes indígenas em relação às declarações de Ozimar, o órgão consultou 17 aldeias com nove etnias diferentes a respeito. "Todas as aldeias responderam o documento informando que o referido indígena, não estava autorizado a falar em nome da comunidade", diz a carta enviada pela fundação.
A notícia divulgada pelo Cimi informa que a conversa do administrador da Funai com Ozimar e José Carlos foi o que incitou outros povos a questionar as lideranças. Porém, no documento enviado pela Funai, o administrador regional da fundação, Benigno Pessoa Marques, afirma que apenas informou Ozimar sobre o questionamento dos outros índios para evitar uma situação de confronto futuro entre indígenas e outras pessoas que freqüentam as aldeias, levando esclarecimentos sobre o projeto Belo Monte, como técnicos, pesquisadores e antropólogos.
"Temos exemplos recentes (agressão física a um engenheiro por indígenas durante um encontro ocorrido nesta cidade e que ganhou repercussão mundial), que confirmam que o assunto, quando tratado com irresponsabilidade, pode levar a situação extremas e é nossa responsabilidade zelar para que as pessoas não corram risco de vida, em conseqüência de má informação", diz o administrador em outro trecho da nota.
Veja a nota de esclarecimento da Funai, na íntegra.
(Por Fabíola Munhoz, Amazonia.org.br, 17/08/2009)