Os integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizaram na tarde desta segunda (17/08), em Brasília, um protesto em frente ao Ministério de Minas e Energia, para denunciar as consequências ambientais e sociais do atual modelo energético brasileiro. Para os coordenadores da organização, a opção pela construção de grandes barragens, sem consulta às populações afetadas pelas obras, tem deixado milhares de pessoas desabrigadas e não tem sido fator de redução do preço da energia.
Segundo Joceli Andreoli, um dos coordenadores nacionais do MAB, as tarifas energéticas brasileiras estão entre as mais caras do mundo, embora a principal fonte da matriz nacional seja a energia hidráulica, considerada de produção barata, e o país dispor de grandes mananciais.
“Os brasileiros pagam um absurdo e muitos sequer têm acesso à energia elétrica. Esse problema vem de outros governos recentes e se agravou com as privatizações do setor”, disse. “Do jeito que está hoje, somente as empresas multinacionais lucram. É preciso que o governo tome uma medida para que a energia elétrica não seja tratada como uma mera mercadoria, caso contrário não há como utilizarmos soberanamente esse bem”, completou Andreoli.
De acordo com o coordenador do MAB, desde a década de 1970, quando a construção de grandes usinas hidrelétricas se espalhou por todo o país, o Estado brasileiro vem acumulando uma enorme dívidas com milhares de pessoas que tiveram que deixar suas terras, suas raízes e, em muitos casos, seu meio de subsistência.
Andreoli citou dados da Comissão Mundial de Barragens, entidade ligada ao Banco Mundial, que, em 2002, calculou que, somente no Brasil, 1 milhão de pessoas já haviam sido “expulsas” de suas terras por causa das barragens, e 70% delas não teriam recebido até hoje a indenização ou reassentadas em outras áreas. “Não há uma política definida para os atingidos e o que queremos é que o governo estabeleça critérios e parâmetros para medir a dívida social com essas famílias”, disse.
Segundo a assessoria do MAB, cerca de 500 pessoas participaram da manifestação, que também contou com o apoio de militantes de movimentos sociais que integram a Via Campesina, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Desde o último dia 10, representante do MST estão acampados próximo ao Congresso Nacional, participando do Acampamento Nacional Pela Reforma Agrária. A segurança do ministério foi feita por 37 policiais militares do Distrito Federal.
Procurado pela reportagem, o Ministério de Minas e Energia informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que convidou um grupo de representantes do MAB para uma reunião com o ministro Edison Lobão. O convite, segundo a assessoria, foi recusado. Sobre a acusação do coordenador do MAB, de que as tarifas elétricas brasileiras estariam entre as mais caras do mundo, o ministério disse não possuir dados comparativos com os valores cobrados em outros países.
A assessoria do MAB não confirmou o convite feito pelo ministério, mas informou que a proposta da organização era de realizar apenas o protesto, pois o ministério já conhece quais são as reivindicações do movimento.
(Por Alex Rodrigues, com edição de Aécio Amado, Agência Brasil, 17/08/2009)