Depois de marchar pela Esplanada dos Ministérios, invadir o Ministério da Fazenda e montar acampamento com 3.000 pessoas no centro de Brasília, o MST decidiu relaxar a pauta de reivindicações que deve ser respondida hoje pelo governo. O principal recuo está no número de assentados neste ano. No início da semana passada, os sem-terra cobravam atendimento de 90 mil famílias. Em conversas com o governo, reduziu para 20 mil.
Não admitida publicamente por conta das explicações que teria de dar às bases acampadas em 24 Estados, a nova estratégia visa se adaptar à realidade do governo, que informou que, no melhor dos cenários, conseguirá assentar em 2009 um total de 8.500 famílias do MST. Diante disso, o movimento reduziu de 150 para 30 as áreas prioritárias e indicou o atendimento de cerca de mil famílias por Estado.
Dos R$ 950 milhões disponíveis para obtenção de terras no orçamento do Incra, R$ 550 milhões já foram gastos, enquanto o restante segue bloqueado pela equipe econômica. A meta do governo é assentar neste ano 75 mil famílias, incluindo todos os movimentos sociais do país, e não apenas do MST.
Outra iniciativa reservada do MST foi avalizar o assentamento de famílias não apenas em projetos criados por instrumento da desapropriação. Agora o MST aceita instalá-las em áreas compradas. O MST não quis se manifestar. O Incra afirmou que as conversas com o MST foram para "detalhar" a pauta de pedidos.
(Por Eduardo Scolese, Folha de S. Paulo, 18/08/2009)