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2009-08-18

Aberto na manhã de sexta (14/08), no Auditório Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa, o seminário sobre Mudanças Climáticas e Desastres Naturais em Santa Catarina, que vai até o final da tarde, reúne autoridades nacionais, estaduais e municipais, pesquisadores, ambientalistas e técnicos da Defesa Civil, entre outros. A promoção é da Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Décio Góes (PT), e da Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional, sob a presidência da senadora Ideli Salvatti (PT/SC).

Durante todo o dia o evento vai discutir ações necessárias para prevenir, por exemplo, desastres naturais como as enchentes registradas no litoral do estado em novembro de 2008, além das estiagens prolongadas no Oeste. De acordo com o chefe da Epagri/Ciram, que representa o Grupo Técnico-Científico de Prevenção às Catástrofes no estado, a previsão é que dentro de três a quatro anos Santa Catarina tenha um modelo de estações meteorológicas similar ao da Alemanha, com informações precisas sobre previsões de catástrofes.

O relator da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas do Congresso Nacional, deputado federal Colbert Martins (PMDB/BA), destacou que o Brasil precisa ter limites para a emissão de CO2, mas que grandes países poluidores, como Estados Unidos e China, precisam fazer a sua parte. “As ações brasileiras serão levadas ao encontro que será realizado na Dinamarca, no final deste ano, quando deverá ser revisto o protocolo de Kyoto. Se não controlarmos a emissão de CO2, todos sofreremos as consequências, e cabe a todos nós atuarmos nesse sentido.”

Para o deputado Décio Góes, é necessária uma reflexão profunda sobre o tema que, em Santa Catarina, é preocupante. “Precisamos de consciência e ações urgentes para construir uma sociedade mais sustentável, com medidas coerentes e concretas”, afirmou o parlamentar, que teceu críticas ao Código Estadual do Meio Ambiente. Segundo sua opinião, o código vai contribuir para agravar problemas como enchentes e estiagens.

A senadora Ideli Salvatti disse que Santa Catarina se propõe a ser um centro de referência sobre mudanças climáticas e desastres naturais. As justificativas são o volume e a gravidade de fenômenos e ainda a organização e experiência da Defesa Civil. “Queremos que o Centro Nacional de Defesa Civil para a Prevenção e Atuação em Catástrofes seja sediado aqui no estado, assim como o Centro Nacional de Estudos Meteorológicos. E para isso já estamos mobilizados”, revelou.

Dever
No primeiro painel do seminário, sobre “Desastres Naturais: Causas e Relações com as Mudanças Climáticas”, o coordenador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Luiz Augusto Toledo Machado, solicitou à senadora Ideli Salvati que seja aprovada uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que, segundo ele, já está no Senado há muito tempo, tornando lei que a meteorologia deve ser um dever do Estado, permitindo a melhor organização do setor no país. “Vamos procurar onde está essa PEC”, comprometeu-se a senadora.

O especialista em tempestades severas, sistemas de monitoramento e previsão disse que o Brasil precisa ter modelos de previsão e monitoramento ambiental de alta resolução para fazer a previsão de desastres naturais, integração de informações e previsão imediata, além de um satélite. “O que usamos é um velho, emprestado dos Estados Unidos até o final deste ano”, contou Machado.

A coordenadora de Meteorologia da Epagri/Ciram, especialista em estiagens e secas no Oeste catarinense, Maria Laura Rodrigues, lembrou que, pela característica topográfica e hidrográfica, Santa Catarina é bastante afetada por fenômenos como enchentes e estiagens. Outros fatores contribuem para esses eventos extremos, como crescimento urbano desordenado e desmatamentos, além da variabilidade natural do clima. Sobre estiagens, informou que dos últimos nove anos, oito foram de estiagens no Oeste e que estudos mostram que nos últimos 50 anos houve aumento e frequência de chuvas intensas no Sul do Brasil. “Chuvas e inundações ocorrem há séculos e é preciso continuar os estudos sobre séries históricas, alterações do microclima e áreas mais vulneráveis.”

Maria Laura destacou ainda que há muito o que fazer nessa área em Santa Catarina. “Não há curso de graduação em Meteorologia e há carência de pesquisas na área. Precisamos ter centros meteorológicos fortes e conhecer o impacto sobre o sistema para melhoramos a previsão”, afirmou.

(Por Rose Mary Paz Padilha, Ascom Alesc, 14/08/2009)


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