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Partido Verde marina silva
2009-08-18

São contraditórias as duas pesquisas de opinião que incluiram o nome da senadora Marina Silva (PV-Ac) entre os prováveis candidatos à presidência da República. Na primeira delas, realizada nos dias 22 e 23 de julho, num cenário em que concorrem também o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (PT), a ex-ministra do Meio Ambiente aparece em segundo lugar, com oito pontos de vantagem sobre a candidata do governo (24% contra 16%) e o governador ocupa a cômoda liderança de 37%. A margem de erro é de 4,5%.

Na segunda pesquisa, realizada entre 11 e 13 de agosto, com cinco candidatos, Serra mantém-se à frente, com 36%, e Dilma vem em segundo, com 17%, seguida do deputado Ciro Gomes (PSB, Ce), com 14%, e da vereadora Heloisa Helena (PSOL, Maceió), com 12%. Marina Silva tem 3% . A margem de erro é de 2 pontos.

Há um paradoxo nesses dados. Marina recebeu menos opiniões favoráveis agora do que quando ninguém - à exceção dos pesquisadores - a colocava na lista de candidatáveis. São, porém, amostras de resposta estimulada e única com autoria, métodos e critérios diferentes. A pesquisa de julho, "representativa da população por regiões do país", foi realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), do cientista político Antônio Lavareda, que entrevistou pelo telefone 2.000 eleitores. O Datafolha do domingo foi à casa de 4.100 eleitores em 171 municípios.

Confrontadas as respostas, chega-se à conclusão de que os pesquisados pelo Datafolha tiveram pouco tempo para conhecer e assimilar a intenção de Marina de lançar-se . "A senadora ainda não é reconhecida como candidata", diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha. A candidatura, porém, era muito menos conhecida em julho, quando ocorreu a pesquisa do Ipespe a partir da qual a senadora sentiu-se picada pela mosca azul e o PV adotou a esperança de tornar-se "partido da primeira divisão", como promete seu presidente nacional, o vereador de São Paulo José Luiz de França Penna.

Lavareda, na sua participação semanal no programa de Ricardo Boechat da rádio BandNews de São Paulo, disse que nas pesquisas espontâneas - quando o entrevistado opina sem ser estimulado - nenhum candidato à Presidência chega a mais de 10% dos votos. "Só Lula", diz, "tem mais de dois dígitos". Como Lula revela não pretender um terceiro mandato, Lavareda considera que, a mais de um ano da eleição, ninguém tem a vitória garantida. Daí, as chances que ele constata em Marina, iguais às de todos os outros.

Lavareda diz que a própria bancada do PT no Senado, ao tentar, por carta aberta, convencer Marina a permanecer no partido, deu-lhe um "diploma de caráter", qualificando-a de "doce e determinada, calma e perseverante". Segundo o cientista político, o eleitor gosta dessas virtudes e pode votar nessa mulher que tem a experiência de ter sido ministra e senadora por dois mandatos. "Nisso, aliás, Marina supera Barack Obama, que só teve um mandato de senador".

A historiadora Aspásia Camargo, vereadora e reserva intelectual do PV no Rio - criadora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas - é otimista: "O Brasil tem tradição anárquica eleitoral e pode se encantar com a candidatura de Marina", diz. Segundo Aspásia, Jânio Quadros e Fernando Collor se elegeram presidentes apesar de não contar com o apoio inicial dos grandes partidos. "O tema ambiental pode ganhar importância durante a campanha e, se Marina subir nas pesquisas, vai atrair partidos menores".

Se a senadora, porém, sai do PT porque é um partido que já não permite "alimentar utopias", o PV que lhe oferece legenda não lhe desperta a ilusão de ser perfeito, como a própria ministra reconhece. Para alguns analistas, em vez de utópico, o PV seria demasiado pragmático. O deputado estadual paulista José Olímpio Gomes, conhecido e registrado na Justiça Eleitoral como "Major Olímpio", acaba de desligar-se do partido e diz que o PV quer mesmo é ser governo onde o aceitarem. "É assim na cidade, no Estado e na União".

O deputado Fernando Gabeira (RJ), a mais tradicional e reconhecida liderança verde do país, destacou-se no Congresso pela defesa de padrões éticos. O ataque frontal ao então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-Pe) - a própria materialização do atraso e do caciquismo políticos - rendeu a Gabeira em 2006 a reeleição com mais de 100 mil votos , alcançando sozinho o quociente da legenda, sem necessidade de retornar ao PT, como acontecera em acasião anterior. Mas o líder de Gabeira e do PV na Câmara é o maranhense José Sarney Filho, deputado federal desde 1983, que já pertenceu à Arena, ao PDS, ao PFL (hoje DEM) e foi ministro do Meio Ambiente no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Sarney se elege na região de Imperatriz, às margens do Tocantins, sem fazer do ambientalismo seu foco de campanha. Zequinha, como é conhecido, é prócer do PV desde 2003. No mesmo ano, o PV assumiu o ministério da Cultura com Gilberto Gil, e ainda está lá com Juca Ferreira. Carlos Minc, ex-guerrilheiro e sucessor de Marina no Meio Ambiente, foi fundador do PV mas hoje é deputado estadual pelo PT do Rio e virou ministro por indicação do governador Sérgio Cabral (PMDB).

Outro ex-guerrilheiro e ambientalista, Alfredo Sirkis, hoje vereador no Rio e º vice-presidente do PV, foi secretário do Meio Ambiente da gestão de César Maia, pai do presidente do DEM, deputado federal Rodrigo Maia. Sirkis, Gabeira, Sarney e Luiz Penna participaram da reunião em que Marina foi convidada a entrar para o PV. Sirkis tem sido muito requisitado a explicar o que a ex-ministra quis dizer com "refundação para reissignificar o PV", expressões que usou para explicitar as condicionalidades de um realinhamento político e ideológico.

Ou seja, a troca de partido. "O programa do PV está ultrapassado. O tema da mudança climática, por exemplo, precisa ser colocado como central, prioritário, transformado num objetivo mais amplo que é o do desenvolvimento sustentável. Isto é refundar o PV, torná-lo um partido programático".

Esse programa teria de incluir a questão da segurança pública, segundo Gabeira. "Fiz isso no Rio e quase ganhei a eleição", diz o candidato de PSDB, PV e PPS à Prefeitura do Rio no ano passado, derrotado pelo PMDB (Eduardo Paes) por menos de 2% dos votos. Agora, Gabeira já foi indicado pelo PSDB como seu candidato a governador em 2010, num movimento que fortaleceria Serra no Estado. Sirkis diz que o alinhamento com o PSDB não é automático. "Na Bahia, apoiaremos Jacques Wagner, do PT e no Acre, estaremos aliados ao atual governador Binho Marques, também do PT".

O PT era chamado de "partido da boquinha" pelo então governador do Rio, Anthony Garotinho (agora no PR), por causa da sua avidez por cargos. "Partido do Hollerith" é como o Major Olímpio chama o PV de São Paulo, referindo-se à marca de uma máquina que perfurava cartões para o contracheque de servidores públicos paulistas. Quando leu que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, acha possível o apoio do PV ao candidato do PSDB no segundo turno das eleições presidenciais de 2010, o Major Olímpio, quarto colocado (52.386 votos) em uma bancada original de oito deputados do PV na Assembleia de São Paulo, comentou: "Aécio acha, mas eu tenho certeza. Digo mais, o PV vai trabalhar pelo PSDB já no primeiro turno, especialmente se o candidato for Serra. Marina tira votos da Dilma, enquanto a máquina do PV trabalha pelo Serra".

O deputado, conhecido e registrado na Justiça Eleitoral como Major Olímpio, saiu do PV há dois meses, e, desde então, não cessa de criticar o partido. Porta-voz de oficiais e praças da Polícia Militar , onde serviu durante 29 anos, Olímpio diz que o PV sabotou na Assembléia as suas propostas de melhoria salarial da corporação e a bancada, de que foi a única exceção, chegou a aprovar vetos do governador José Serra a projetos de proteção ao meio ambiente.

Major Olímpio tomou posse fardado e no primeiro dia pediu uma CPI para "devassa no sistema prisional". Precisava de trinta e duas asssinaturas e conseguiu 38. No dia seguinte, os deputados da base do governo estadual, inclusive seus colegas do PV, começaram a retirá-las. A CPI do major Olímpio não vingou, como ocorreu com todas as outras que a minoria oposicionista tentou criar na Assembleia desde que o PSDB é governo em São Paulo - 14 anos.

"Em 2006 tivemos um candidato próprio a governador em São Paulo, que acabou em sexto lugar", diz Olímpio. "Ficou sozinho, pois a direção do Partido mandou votar no Serra". O presidente do PV, Luiz Penna, nega sabotagem interna. "A candidatura de De Mauro simplesmente não pegou", diz Penna. "Na política isso acontece". Presidente do PV há dez anos, Penna diz que o apoio à candidatura de Gilberto Kassab a prefeito de São Paulo é uma prova de que o partido não busca antecipadamente os vencedores. "O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) eram os favoritos quando o PV apoiou Kassab, que só tinha 4% dos votos. Corremos risco nessa eleição", diz.

O escritório de Penna, na avenida Rebouças em São Paulo, fica numa velha casa com um estúdio que o vereador usa para gravar mensagens pela internet. Em vez de fundo infinito, o set tem uma tapadeira com grande painel do Dalai Lama em conversa com o próprio Penna. Nascido no Rio Grande do Norte, em 1945, de pai comunista, Penna passou a juventude em Salvador, onde fez política estudantil secundarista e foi amigo dos filhos de Jorge Amado, João e Paloma. Está em São Paulo, desde 1969, onde foi baterista de rock, ator do musical Hair e parceiro do compositor Belchior ( "Comentário a respeito de John", homenagem a John Lennon).

Penna diz que o PV já não é mais "um Juventus ou um América". com quem todos simpatizam mas não chegam à primeira divisão. "Agora, vamos para a disputa da Libertadores, vamos acabar com a disputa bipolar plebiscitária". E chama a atenção para um fato: "Em São Paulo elegemos oito deputados estaduais e o PMDB, 4. Deputados federais, temos 5; o PMDB, 3. E em vereadores, ganhamos de 3 a 2".

"Como estão as prestações de contas do PV na Justiça Eleitoral?". "Não somos o único partido com questões a resolver no TSE. Mas é tudo problema de burocracia, nenhuma má fé", responde o presidente do partido. Seu advogado em Brasília, Alexandre Kruell Jobim, filho do ministro da Defesa Nelson Jobim, confirma que estão para decisão do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com recomendação de não aprovação emitida por uma comissão de triagem, as contas de 2004, 2005, 2006 e 2007.

Não há prazo para o julgamento final, mas Jobim está otimista. "Há exigências exageradas", diz ele. "Por exemplo, o PV mandou entregar uma encomenda e pegou o recibo do motoboy que fez o carreto. Agora, querem que o recibo tenha o CPF do motoboy". O PV teve desaprovadas suas contas de 1998 e aprovadas com ressalva as de 1999 a 2002. Praticamente todos os partidos têm processos pendentes.

Ausente no Senado, o PV tem uma única prefeita de capital, Micarla de Souza, em Natal, eleita em coligação com o DEM, mas que se diz recalcitrante entre Dilma e Marina. Os deputados federais são 14 e a sua composição é a que mais revela ser o PV um partido como todos os outros, com perfil mais fisiológico do que ideológico. Segundo Gabeira, entre seus colegas há até estelionatários eleitorais, o que levou dois deles a denunciá-lo por falta de decoro parlamentar. Entre os deputados estaduais, há, até mesmo um eleito em Rondônia, que chegou a ser acusado de de grilagem de terras e crime ambiental no Estado. O processo está na 6ª Vara Cível da Justiça de Rondônia aguardando julgamento.

Sirkis diz que para superar a cláusula de barreira, em 2006 (mínimo de 5% do total de votos para a Câmara, que não chegou a vigorar), o PV foi tolerante no recrutamento. Mas nada indica que a refundação exigida por Marina represente o afastamento de elementos estranhos. Gabeira informa: "Não haverá expurgo. Faremos uma política generosa. Quem quiser sair pode sair e não haverá cobrança do mandato".

(Por Ana Paula Grabois e Paulo Totti, Valor Econômico, 18/08/2009)


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