Volta à pauta da Câmara de Santa Cruz do Sul na sessão desta segunda (17/08) o polêmico projeto de lei que trata da elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico e da outorga e concessão dos serviços de água, esgoto e lixo. Aprovado no último dia 20 com três emendas da oposição – ao todo foram apresentadas nove, mas uma acabou retirada na hora da votação –, o projeto de lei 110/E/2009 recebeu veto parcial da prefeita Kelly Moraes (PTB) e agora os vereadores vão decidir se acatam ou derrubam o veto. O prazo para a votação secreta é de 30 dias.
A Prefeitura vetou o item 3 da emenda 12. Ele acrescentava o parágrafo único ao artigo 16 da lei, prevendo que “a regulamentação das condições de delegação dos serviços que orientarão a elaboração de editais e contratos de concessão deverão ser submetidos à aprovação por audiência pública e pelo Legislativo, através de lei específica”.
Na justificativa encaminhada à Câmara a prefeita explica que o parágrafo único do artigo 16 “contém vício de iniciativa”. A avaliação é que, conforme a Lei Orgânica do Município, a expedição de decretos, portarias e outros atos administrativos é atribuição privativa do prefeito. “Sendo assim, sabendo-se que a regulamentação das condições de delegação dos serviços é feita mediante decreto, não cabe a intervenção do Legislativo”, acrescenta.
Caso a Câmara mantenha o veto – o que é muito provável, uma vez que o governo tem um vereador a mais que a oposição –, a Prefeitura terá carta branca para regulamentar as condições de delegação dos serviços que servirão de base para os editais de licitação e contratos de concessão. No mês passado o governo garantiu que fará licitação para definir a empresa que assumirá os serviços de água e esgoto em Santa Cruz a partir do ano que vem. O contrato com a Corsan – que tem condições de participar da concorrência, mas pode ficar em desvantagem por conta da cobrança de uma outorga estimada em R$ 20 milhões – vence em dezembro.
Agência
A votação do projeto de lei, no mês passado, foi a mais polêmica do ano até agora em Santa Cruz. A decisão saiu apenas na terceira sessão. A primeira tentativa foi em 13 de julho, mas sindicalistas e funcionários da Corsan pressionaram os vereadores da base aliada e a votação foi adiada. No dia 16 a Câmara fez sessão extraordinária, mas a decisão acabou ficando para a semana seguinte.
A polêmica estava no artigo 15, que autoriza a concessão dos serviços de saneamento mediante licitação, e no parágrafo único do artigo 14, que não tornava obrigatória a criação de uma agência reguladora dos serviços concedidos. Na época o ex-prefeito e deputado federal Sérgio Moraes, marido de Kelly, explicou que tratava-se de um erro de digitação e, na redação final do projeto, consta que “a agência será criada por lei municipal específica”.
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Os outros dois itens da emenda 12, além das emendas 14 e 17, foram mantidos pela prefeita. Eles tratam, pela ordem, da obrigatoriedade da criação da agência reguladora dos serviços delegados; da possibilidade de municipalização dos serviços de água e esgoto e, ainda, da dispensa de licitação em caso de acordo com a Corsan, o que garantiria a renovação do contrato, porém com alterações.
(Por Igor Müller, Gazeta do Sul, 16/08/2009)