Transformar lixo em livros pode ser uma tarefa complicada. A extensionista da Emater Maria Clara Picoli pensa diferente. E a comunidade agrícola de Cristal também. Graças à ação e ao empenho de Maria Clara, com criatividade e colaboração mútua, os produtores do Sul do Estado mostram que é possível fazer milagre e, de quebra, reduzir o impacto ambiental no campo.
Ao coordenar a coleta seletiva no interior do município, a extensionista lidera uma ação aplaudida no meio rural e na cidade.
– É um esforço inédito e único no Estado. Exercer a educação ambiental no meio rural é uma lacuna que devia ser preenchida em várias outras regiões – exalta a diretora da Biblioteca Municipal, Simone Silva.
No projeto Luxo Que Vem do Lixo, a prefeitura mobiliza a população da separar e recolher o lixo seco. Parte dos resíduos é vendida e destinada à manutenção da biblioteca pública, que recebe assinaturas de revistas e jornais. Jogos educativos e eventuais reformas no local, como a pintura do prédio e a conservação dos jardins, também são adquiridos com o recurso. A renda anual chega a R$ 3 mil.
Outra parte do lixo inorgânico é transformada em utensílios para uso dos produtores e para venda. É aí que entra o papel de Maria Clara. Por meio de oficinas de garrafa PET para produtoras do interior de Cristal, a pelotense de 46 anos também ajudou a diminuir o acúmulo de resíduos e passou a agregar renda à família rural. Com o material recolhido, são confeccionados objetos como pufes, mesas e cortinas.
Graças a esse trabalho, a extensionista foi uma das 12 premiadas com o prêmio do governo do Estado Semente de Vida. Formada técnica em Economia Doméstica pela KVG Consultoria, recebeu o troféu na categoria Gestão Ambiental, em Rio Grande.
– Meu maior prêmio é ver em prática estas ações de conscientização ambiental – diz a colaboradora.
(Zero Hora, 14/08/2009)