Diretor da Petrobrás diz que há conversas com asiáticos e americanos sobre projeto no Rio
O diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, revelou nesta quarta (12/08) que negocia parcerias com grupos estrangeiros no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), principalmente na Ásia. Segundo ele, as conversas envolvem grupos chineses, coreanos, indianos e japoneses, além de americanos. "Do Oriente, em geral, há grande interesse", afirmou Costa ao Estado.
Uma delegação da China National Oil Company esteve na sede da Petrobrás por "mais de uma vez" para conhecer detalhes do projeto. De acordo com ele, o interesse maior é na segunda geração, mas a estatal mantém a decisão de que qualquer participação esteja condicionada também a uma parceria minoritária na primeira geração (refino).
Estimado inicialmente em US$ 8,4 bilhões, o projeto - que deve ter seu orçamento revisto - teve as obras iniciadas em março de 2008 pela estatal e, até agora, ainda não foi firmada parceria com nenhum grupo petroquímico nacional. As maiores empresas brasileiras do setor (Braskem, Quattor e Ultra, vistas como sócias naturais do polo - o maior investimento isolado da Petrobrás) ainda não apresentaram propostas de negócios nas plantas de segunda geração, onde são produzidas as resinas plásticas.
Costa explicou que a Petrobrás pretende ser majoritária na primeira geração (uma unidade de petroquímicos básicos, que vai produzir a matéria-prima), com 60% de participação, mas terá no máximo 40% em cada uma das usinas de segunda geração que cercarão a refinaria. Todos os sócios, porém, terão obrigatoriamente de participar das duas fases. "Estamos negociando com empresas estrangeiras, mas não fechamos a porta para ninguém. Negócios são negócios", resumiu Costa.
Ressarcimento
O investimento no Comperj continua sendo tocado enquanto as negociações prosseguem. Depois de assinados os contratos, a estatal vai receber ressarcimento sobre as parcelas já pagas, assim como foi negociado com a PDVSA na Refinaria do Nordeste. Costa disse que não há pressa na conclusão das negociações, uma vez que a primeira unidade do Comperj só deve entrar em operação em 2012.
O executivo informou que um grupo técnico da Petrobrás foi designado para esclarecer o Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito da chamada cláusula de chuvas do contrato de terraplenagem, que foi contestada em relatório preliminar do tribunal. As obras chegaram a ser suspensas, mas um acordo com o consórcio responsável permitiu o retorno por um prazo de 60 dias, até que a empresa seja autorizada pelo órgão a assinar um novo aditivo.
(Por Nicola Pamplona e Irany Tereza, O Estado de S. Paulo, 13/08/2009)