O ecossistema ímpar das ilhas Galápagos está ameaçado pela chegada de mosquitos transmissores de doenças em aviões e barcos turísticos, disseram pesquisadores na quarta-feira (12/08). Os especialistas temem que a difusão do pernilongo "Culex quinquefasciatus" tenha no arquipélago equatoriano o mesmo efeito devastador que teve no final do século 19 no Havaí, quando doenças transmitidas por esse mosquito mataram muitas espécies nativas de aves.
O mosquito começou a ser encontrado em Galápagos em meados da década de 1980, mas sua presença era na época considerada algo efêmero e casual. Agora, cientistas britânicos e equatorianos descobriram que os pernilongos, na verdade, são transportados regularmente em aviões e barcos, espalhando-se no arquipélago. Exames genéticos confirmam que eles são capazes de sobreviver e procriar no seu novo lar. "Mais navios e mais aviões estão vindo para Galápagos a cada ano, e o risco de algo ser introduzido cresce a todo instante", disse o pesquisador Simon Goodman, da Universidade de Leeds. "Que não tenhamos ainda tido impactos sérios em termos de doenças em Galápagos é provavelmente apenas uma questão de sorte."
O pernilongo Culex transmite doenças como malária aviária, varíola aviária e febre do Oeste do Nilo. No caso do Havaí, o inseto chegou em barris de água de navios baleeiros, devastando a fauna local. Hoje restam ali só 19 de 42 espécies e subespécies de um passarinho conhecido localmente como "honeycreeper." Goodman e seus colegas, que publicaram suas descobertas na revista Proceedings of the Royal Society, temem que haja uma conjunção semelhante de fatores que possa levar a uma devastação em Galápagos, devido ao rápido crescimento da comunicação física com o continente.
O turismo é uma importante atividade do arquipélago, crescendo cerca de 14 por cento ao ano. O governo do Equador recentemente passou a exigir o uso de inseticidas em aviões com destino às ilhas, mas os cientistas dizem que a eficácia do método não está sendo monitorada e que as regras não se aplicam a navios cargueiros. Ratos, porcos selvagens, moscas e plantas exóticas também já colonizaram o arquipelago, que fica a quase mil quilômetros da costa sul-americana. O naturalista britânico Charles Darwin desenvolveu sua teoria da evolução, no século 19, depois de estudar a ímpar fauna das ilhas.
(Por Ben Hirschler, Reuters Brasil, 12/08/2009)