O Palácio do Planalto considera irreversível a ida da senadora Marina Silva (PT-AC) para o PV e sua consequente candidatura à Presidência da República. A avaliação dos estrategistas palacianos é de que com Marina no páreo, a candidatura de Dilma Rousseff sofrerá prejuízos, apesar de a dimensão deles ainda ser uma incógnita. Na visão do Palácio, as demonstrações para lá de explicitas de um carinho que Marina Silva estava pouco acostumada a receber desde que deixou o Ministério do Meio Ambiente, em 2008, não foram suficientes para convencer a senadora a permanecer no partido.
A romaria de pesos pesados petistas para tentar convencer a senadora Marina Silva (PT-AC) a desistir de filiar-se ao PV para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi intensificada desde o retorno da ex-ministra do Acre. Nos últimos dois dias Marina foi procurada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini, pelo principal candidato à sua sucessão, José Eduardo Dutra, e por inúmeros colegas de sigla. Nesta terça (11/08), também, a bancada do PT no Senado divulgou uma carta aberta elogiando efusivamente a senadora e pedindo sua permanência na sigla.
José Eduardo Dutra, hoje presidente da Transpetro, foi o último a ter com Marina. Encontrou-se com ela ontem no Senado e reiterou os pedidos de que permaneça no PT. Saiu do encontro resignado de que não será fácil manter a senadora no partido. "Estou convencido que ela realmente está fazendo uma reflexão profunda", disse Dutra. "O melhor dos mundos é que ela fique no PT e se candidate ao Senado".
Marina também conversou com Dilma Rousseff sobre o assunto. As duas não se encontraram pessoalmente. Dilma pediu para que a senadora reflita melhor sobre a decisão de sair do PT e que permaneça no partido para concorrer, uma vez mais, ao senado. Berzoini fez o mesmo. Mas diante das circunstâncias, vai se encontrar pessoalmente com a senadora nos próximos dias.
Marina Silva manteve ontem o discurso de que sua ida para o PV não está ligada a uma candidatura presidencial. Segundo ela, o que lhe atrai é o fato de o partido ter proposto que o debate do desenvolvimento sustentável seja colocado em pauta como questão estratégica. "Não se trata de uma discussão para a candidatura. É uma discussão programática, de algo estratégico para o país", afirmou a senadora. Marina disse também não pretender fazer de sua saída do PT uma novela interminável. "Eu não quero prolongar esse processo em respeito ao partido ao qual eu pertenço, ao PV e a mim".
(Valor Econômico, 12/08/2009)