A Petrobras começará no dia 11 de dezembro a testar o etanol como combustível da termelétrica de Juiz de Fora. A expectativa da estatal é de que a fase de teste dure entre três e quatro meses, o que permitiria à empresa oferecer a tecnologia em leilões de energia já a partir de 2010.
Esta será a primeira vez no mundo em que o insumo será usado para produzir energia a partir de termelétricas e o custo estimado pela companhia para o período de testes é de R$ 30 milhões, dos quais R$ 20 milhões com a compra de etanol e R$ 10 milhões com a montagem dos equipamentos de infraestrutura.
De acordo com o gerente-geral de operações de ativos de energia da Petrobras, Roberto Machado, o objetivo da empresa não é substituir o gás natural como insumo, mas apresentar uma alternativa ao óleo diesel como combustível complementar das térmicas. Segundo ele, a turbina deverá consumir 22 mil litros de etanol por hora, enquanto o consumo de diesel é de 16 mil litros por hora.
"O preço do álcool tem de ser 73% do preço do diesel para compensar, mas com outros aspectos, como a possibilidade de venda de créditos de carbono, o álcool vai ganhar de lavada do diesel", acredita Machado.
Os testes serão realizados em uma das duas turbinas existentes na térmica da cidade mineira. A potência total do equipamento é de 42 megawatts (MW) e o teste será dividido em três fases. Na primeira, que deverá durar até dois meses, será verificada a performance da unidade, enquanto na segunda fase a estatal vai analisar a redução do impacto ambiental, uma vez que as emissões da usina poderão ser compensadas na época do plantio da cana de açúcar.
Na terceira fase será a vez de medir a corrosão dos equipamentos, uma vez que as resoluções da Agência Nacional do Petróleo (ANP) limitam o volume de sódio presente no álcool em 2 partes por milhão (PPM), enquanto as turbinas trabalham com o ideal de 0,2 partes de sódio por milhão. Machado estima que a nova tecnologia poderá ser empregada na autoprodução de energia por parte de fabricantes de etanol a partir da cana de açúcar ou em leilões de pequenas termelétricas próximas a centros produtores de álcool.
(Por Rafael Rosas, Valor Econômico, 12/08/2009)