A Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária foi deflagrada ontem e se estenderá até o dia 21 de agosto no país. Em Brasília, o saguão do Ministério da Fazenda foi invadido. Em Porto Alegre, cerca de 900 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina, com o Movimento dos Atingidos por Barragens e Movimento dos Pequenos Agricultores, montaram acampamento no pátio do prédio do Ministério da Fazenda, conhecido como Chocolatão, na avenida Loureiro da Silva. À tarde, a Advocacia-Geral da União ingressou com pedido de reintegração de posse do prédio, que foi negado pela Justiça Federal.
A ocupação, com um caminhão de som, ocorreu por volta das 7h com a chegada de vários ônibus trazendo os manifestantes, lonas para as barracas, cobertores, colchões e comida, além de faixas e cartazes. Cerca de mil servidores federais que trabalham no prédio e o público não puderam entrar no local. Não houve expediente.
Policiais militares do 9º BPM foram mobilizados. Responsável pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC) da BM, coronel Jones Calixtrato dos Santos, foi pela manhã ao local e se colocou à disposição, mas o gerente regional de administração do Ministério da Fazenda no Rio Grande do Sul, Agenor Cardoso Vieira Neto, optou por aguardar as orientações de Brasília, onde era esperado encontro entre líderes nacionais do movimento com o governo.
Os manifestantes reivindicaram a efetivação de um programa de reforma agrária para garantir a produção de alimentos, assentamento das 90 mil famílias acampadas no país, liberação de R$ 800 milhões do orçamento do Incra para este ano, ampliação dos recursos e revisão dos índices de produtividade. Eles propuseram ainda a renegociação das dívidas dos camponeses com o cancelamento dos débitos nos valores de até R$ 10 mil e discussão acima desse patamar. Pediram ainda concessão de crédito emergencial de R$ 2,5 mil por família a fundo perdido, entre outras medidas. Lembraram que, no RS, a estiagem provocou prejuízos. O corte no orçamento da reforma agrária foi criticado.
(Correio do Povo, 12/08/2009)