O corte das emissões de gases estufa para diminuir o aquecimento global e a adaptação aos efeitos da mudança climática, como secas e o aumento do nível do mar, devem custar cerca de 300 bilhões de dólares por ano, disse nesta terça-feira o principal nome da ONU para a questão climática.
Yvo de Boer também afirmou à Reuters que a redução das emissões prometida até 2020 pelos países ricos até agora está "a quilômetros de distância" das metas de longo prazo definidas pela cúpula do G8 no mês passado. "Ao longo do tempo, de acordo com a minha análise, vamos precisar de 200 bilhões de dólares por ano para a mitigação dos efeitos, e provavelmente algo na casa de 100 bilhões de dólares para adaptação... a partir de 2020", disse de Boer nos corredores do encontro entre 10 e 14 de agosto para as negociações climáticas da Organização das Nações Unidas em Bonn, na Alemanha. Mitigação significa o corte das emissões de gases estufa, com a adoção de fontes renováveis de energia como o vento e o sol. Os países em desenvolvimento dizem que vão precisar de dinheiro para a adaptação aos impactos da mudança climática, como enchentes, ondas de calor e um aumento do nível do mar.
De Boer, diretor do Secretariado da ONU para a Mudança Climática, afirmou que os números são estimativas iniciais para ilustrar as necessidades impostas por uma mudança de longo prazo a uma economia mais verde. O novo pacto climático da ONU deve ser definido em um encontro em Copenhague, em dezembro. "É um montante fenomenal de dinheiro, mas a quantidade de dinheiro que vai ser necessário no final é bastante dependente do tamanho da ambição da resposta à mudança climática". Em termos de comparação, o pacote de estímulo econômico dos Estados Unidos para este ano soma 787 bilhões de dólares.
De Boer disse que o acordo deste ano da ONU deve definir um mecanismo justo para a captação de recursos de longo prazo, em vez de dar números gerais. "Uma fórmula robusta de divisão de danos é a coisa mais importante", defendeu. De Boer reiterou que as negociações de Copenhague também devem começar com algum dinheiro na mesa, talvez 10 bilhões de dólares. Países em desenvolvimento como China e Índia afirmam que os mais ricos precisam dar promessas de financiamento antes que os países mais pobres possam concordar em tomar mais ações para frear o aumento das emissões de gás.
(Por Alister Doyle, UOL Reuters, 11/08/2009)