Poluição, captura de diversos animais pelas redes dos pescadores e a destruição do habitat são apenas algumas das inúmeras ameaças para a excepcional vida marinha encontrada em águas australianas. Se esta situação continuar, alerta a WWF Austrália, corre-se o risco de um colapso da vida marinha em âmbito não apenas local, mas global, em que 2/3 dos recifes de corais existentes no planeta morrerão e 90% dos maiores peixes do planeta terão desaparecido por causa da pesca.
A Austrália possui a terceira maior plataforma continental e tem, por isso, responsabilidade em nível internacional de conservar seus oceanos. O governo da Comunidade da Austrália (Commonwealth Government), na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, assumiu o compromisso do manejo das águas da Oceania com fins tanto econômicos quanto ambientais. No entanto, apenas 4% dos 16,5 milhões de km2 dos mares australianos são protegidos por lei, apesar de abrigarem espécies marinhas não encontradas em nenhum outro lugar do planeta.
Na costa leste australiana já se avançaram alguns passos em direção à proteção das águas oceânicas, mas no sudoeste do país a situação é bem diversa. Menos de 1% de uma área de 1,3 milhões de km2 está protegida. Grupos nacionais e internacionais de conservação do ambiente reuniram-se sob o nome Colaboração Salve Nossa Vida Marinha (Save Our Marine Life Collaboration) para lutar pelo estabelecimento de uma rede de grandes santuários marinhos no sudoeste da Austrália.
A Salve Nossa Vida Marinha usa as técnicas científicas mais recentes e avançadas para identificar em que áreas os parques nacionais marinhos devem ser estabelecidos para que as espécies de plantas e animais mais vulneráveis sejam protegidos da extinção e para que as populações de peixes possam recuperar-se. Há numerosos pontos no sudoeste australiano em que peixes e outras espécies marinhas se alimentam e reproduzem.
De Eucla até Kalbarri, no estado de Western Australia, WA, esta costa, para a surpresa de muitos, caracteriza-se como um habitat muito mais rico do que a Grande Barreira de Corais em termos de unicidade de espécies marinhas. 90% das espécies ali presentes não se encontram em nenhum outro lugar do mundo. Milhares de espécies de peixes, aves, tubarões, golfinhos, tartarugas, focas, mariscos e baleias vivem, reproduzem-se e alimentam-se nestas águas. O maior animal do mundo, a baleia azul ameaçada de extinção, alimenta-se na costa de Perth, um dos dois pontos da Austrália em que ela se apresenta. A região é tão extraordinária que praticamente a cada semana novas espécies são descobertas.
Uma proteção marinha efetiva acontece somente pela criação de uma rede de santuários marinhos. É o que revelou a pesquisa desenvolvida pelo ARC Centro de Excelência para o Estudo de Recifes de Corais (ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies) e James Cook University publicada em janeiro de 2009. Uma rede de santuários é fundamental para reconstituição de populações de peixes e outras espécies.
É inteligente lembrar que uma economia saudável depende de um ambiente saudável, argumenta a Save Our Marine Life. O estado de Western Australia tem um lucro de 3 milhões com turismo e 45 milhões com a indústria de observação de baleias, ou a chamada whale watching. Estas atividades, que atraem visitantes das mais diversas origens, dependem diretamente da preservação das águas do sudoeste australiano.
Os australianos têm uma relação muito próxima com suas praias e seus oceanos, acrescenta a Save Our Marine Life. Para que o ambiente marinho seja saudável e para que possa continuar proporcionando à população sua maior referência de lazer, ele precisa ser protegido. O apoio recebido à proposta de proteção das águas marinhas é bem significativo. Uma pesquisa de opinião conduzida pelo Essential Research no ano passado revelou que 75% da população de Western Australia acredita que suas águas carecem de proteção.
A Save Our Marine Life está recolhendo assinaturas para pedir a criação dos santuários marinhos em seu site. Os cidadãos australianos escrevem para os representantes federais de seus estados. Os estrangeiros têm a opção de encaminhar uma carta ao Primeiro Ministro manifestando seu apoio. Até agora a campanha atingiu 30% de seu objetivo e precisa de mais 2000 assinaturas para alcançar sua meta.
(Por Adriane Grey, ANDA, 10/08/2009)